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Campanha de doações para Casa da Criança Jacinta e Francisco celebra 67 anos do Jesuítas
Colégio incentiva acolhimento de instituição localizada no Bairro Retiro, em Juiz de Fora, que atende crianças e adolescentes em vulnerabilidade social
Eram do Colégio dos Jesuítas as carteiras que compunham as salas de aula quando a Casa da Criança Jacinta e Francisco, no Bairro Retiro, começou a funcionar, no já distante ano de 2002. Também foram os estudantes do Jesuítas que doaram os brinquedos. A primeira voluntária da instituição era uma mãe do Colégio. Os laços são antigos e duradouros. Este ano, novas carteiras foram doadas pelo Jesuítas, que também decidiu celebrar seus 67 anos estimulando toda a comunidade educativa a acolher a Casa. As doações, de alimentos e itens de higiene, serão recolhidas até o sábado, dia 4, quando o Colégio comemora seu aniversário em festa iniciada às 8h, com atividades esportivas, culturais e educativas.
A Casa da Criança Jacinta e Francisco é uma obra da Congregação do Divino Mestre, fundada em Tucano, no sertão baiano. “O carisma dessa congregação é cuidar da educação de crianças de adolescentes que, por vezes, vivem numa estrutura social muito desfavorável para o acesso à educação. Dessa forma, as irmãs, através de um movimento de reforço escolar e de apoio, atuam. É uma obra testemunhal da Igreja presente em Juiz de Fora, e nós, como Colégio católico, da Companhia de Jesus, também em Juiz de Fora, queremos apoiar essa ação. E nosso gesto concreto, nossa ação testemunhal, será na linha de fazermos doações ao longo de eventos deste ano, que possam garantir apoio a essa instituição e à missão dela realizada na cidade”, explica o Diretor Geral do Jesuítas, Professor Edelves Rosa Luna.
Casa combate desnutrição
A Companhia de Jesus cruza a história da Casa da Criança Jacinta e Francisco em diferentes momentos. Logo que chegaram em Juiz de Fora, as irmãs foram trabalhar no distrito de Caeté, onde encontram Jesuítas. “Os seminaristas também iam para lá fazer o trabalho Pastoral e trabalhávamos juntos. Não havia nem um ano quando o Padre Boaventura Leite, missionário redentorista, expressou o sonho de comprar uma casa no Bairro Retiro, para ajudar as crianças pobres. Aí juntou a fome com a vontade de comer. A gente já vinha para cá querendo fazer um trabalho com os menores carentes. E naquele bairro havia um número muito grande de crianças desnutridas, com fome com todas as letras maiúsculas”, recorda-se Irmã Maria de Fátima Vieira Peçanha, fluminense de Campos, vice-presidente da instituição que ajudou a fundar em 2002.
“Nós vínhamos do sertão da Bahia, sabíamos o que era pobreza e a fome, mas ficamos admiradas de encontrar aqui, em Juiz de Fora, tanta desnutrição”, lamenta a religiosa, que, num imóvel diminuto e velho, iniciou os trabalhos e logo se juntou à Pastoral da Criança. Um médico do posto de saúde da comunidade passou a levar as crianças para o acompanhamento das religiosas. “Eram muitas abaixo do peso e muitas meninas mães atingidas pelas drogas e pela miséria, sem ter como se alimentar e alimentar os filhos”, recorda-se Ir. Fátima. “Era uma situação muito precária”, reforça Ir. Maria Ferreira de Morais, com um forte sotaque baiano a indicar sua origem na pequena Uáuá. Também integra a obra da Congregação do Divino Mestre a alagoana Irmã Adelma Josefa de Oliveira, presidente da Casa.
Em mais de duas décadas, o projeto aumentou. O antigo imóvel serve hoje como residência das irmãs, e um prédio anexo foi construído para os atendimentos. Atualmente, a Casa da Criança Jacinta e Francisco atende cerca de 50 crianças e adolescentes, ofertando aulas de teclado, violão, xadrez, bordado, capoeira, além do reforço escolar e da educação religiosa. Na Casa, eles fazem dois lanches e almoçam. Ainda recebem roupas e materiais escolares. “A gente vive da caridade do povo de Juiz de Fora”, conta Ir. Fátima. E Professor Edelves atesta que a própria Casa também pratica essa caridade para além do público atendido. Muitos são os que entram para se alimentar ao longo do dia. “Estamos sempre recebendo”, concorda Ir. Fátima.
Ser solidário
De acordo com o Coordenador da Formação Cristã do Jesuítas, Marcelo Sabino, o Colégio prestes a completar 67 anos traz consigo o legado espiritual de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. “Com sua vida e missão, ele testemunhou que a abertura para o serviço a Deus implica gestos concretos de solidariedade para com o próximo. Na esteira desse exemplo de fé e de generosidade, a nossa comunidade educativa abraça a campanha que arrecadará diversos materiais para doar à instituição Casa da Criança Jacinta e Francisco. Com essa atitude, todos aqueles que fazem o Colégio dos Jesuítas demonstram, na prática, que o amor é muito mais que palavras. Consiste em se comprometer com a vida do outro. Tal é o ensinamento que toca os estudantes e os transforma para mudar o mundo”, observa.
E são muitas as formas de contribuir com a Casa do Bairro Retiro. O lugar ainda enfrenta diferentes dificuldades. “Agora é que estamos com a ajuda de uma assistente social, mas precisaríamos de uma equipe técnica, com psicopedagogia, fonoaudiologia, psicologia. As crianças são carentes e apresentam muitas dificuldades por conta da falta de alimentação. Já tivemos pediatras que atendiam nossas crianças no consultório, mas hoje não temos mais”, diz Ir. Fátima, tecendo um convite para o voluntariado e para o apadrinhamento de crianças e da própria instituição. Com uma única colaboradora no quadro, o interesse é que a Casa tenha mão de obra e estrutura para fazer os atendimentos. É Ir. Fátima quem cozinha na instituição. “De manhã faço o almoço e, na parte da tarde, vou para a sala de aula”, narra.
“A gente tenta fazer a divisão dos trabalhos como pode”, diz Ir. Morais, que ministra a oficina de bordado, mas sonha em ver o lugar oferecendo trabalhos com a terra, nos jardins, refletindo sobre os cuidados com o meio ambiente. “Trabalhamos com o método preventivo de Dom Bosco, com seus três “Ss”: saúde, sabedoria e santidade. Para ter saúde, tem que ter boa alimentação e, ao mesmo tempo, cuidar bem do espaço”, explica Ir. Fátima, confiante num projeto que é, sobretudo, transformador: “já tivemos meninos aprovados na UFJF, mas também já perdemos muitos. A Casa existe não só para a criança. A gente quer salvar as famílias.”
Serviço:
- As doações para a Casa da Criança Jacinta e Francisco podem ser feitas no Colégio, até o dia 4 de março, nas Unidades I, II e III, bem como no Galpão.
- A Casa da Criança Jacinta e Francisco fica localizada à Rua Irmã Emerenciana, 121, no Bairro Retiro, em Juiz de Fora. O telefone para contato é (32) 3237-4324.
Que nossa ação concreta se torne gesto perene! Conheçamos, apadrinhemos e transformemos a Casa da Criança Jacinta e Francisco!