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A ONU corre o risco de morrer?
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma das mais importantes instituições internacionais surgidas no contexto do Pós-Segunda Guerra Mundial e enfrenta uma das situações mais desafiadoras de sua história. No texto “A ONU corre o risco de morrer?”, publicado por Anne-Cécile Robert, no jornal Le Monde Diplomatique Brasil (https://diplomatique.org.br/a-onu-corre-o-risco-de-morrer/), e disponível para todos os membros de nossa comunidade escolar, é feita uma interessante provocação. Trata-se de uma reflexão sobre o risco de morte das Nações Unidas em face dos acontecimentos dos últimos 21 anos, em especial, diante da Guerra do Iraque (2003), da Guerra da Síria (2011) e da atual Guerra na Ucrânia (2022).
A ONU nasceu de um acordo entre as potências mundiais, sobre os destroços da Segunda Guerra Mundial, em meio a um novo equilíbrio de poder que levaria o mundo para a Guerra Fria (1945-1991). Este arranjo de poder permitiu o funcionamento da instituição, seu crescimento e sua consolidação em um mundo marcado pela divisão ideológica e pela disputa de poder entre os Estados Unidos e a União Soviética.
O fim da Guerra Fria trouxe uma nova oportunidade, a de fortalecer o multilateralismo e a cooperação entre os países no âmbito internacional, o que, de fato, verificamos ao longo dos últimos 30 anos. Vários acordos importantes foram construídos (como o Protocolo de Montreal, Protocolo de Quioto, Acordo de Paris, Agenda 21, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre outros) e a diplomacia fez um importante trabalho. No entanto, o redesenho da geopolítica internacional colocou em rota de colisão os países ocidentais (especialmente os Estados Unidos) e a dupla Rússia/China.
Os eventos no Iraque, na Síria e na Ucrânia mostram que o poder de decisão da ONU se encontra travado e pouco efetivo quando se trata de estabelecer a paz e manter a segurança internacional. As potências militares e econômicas já não se sentem constrangidas em usar seu poder e sua influência para determinar os acontecimentos mundiais e desrespeitar os ordenamentos das Nações Unidas.
A jornalista nos provoca, em seu texto, a pensar nesses aspectos, nos objetivos da ONU e em formas de executá-los no contexto geopolítico e econômico atual. Vivemos em uma era de incertezas provocadas pelas novas tecnologias, as novas disputas de poder, os novos rearranjos econômicos, a globalização, o neoliberalismo e o poder das grandes empresas multinacionais. A ONU necessita equilibrar-se entre todos esses elementos. É importante ressaltar que o poder das Nações Unidas deriva da cessão de soberania por parte dos Estados Nacionais e que, sem isso, ela não consegue agir em conformidade com a Carta de São Francisco que a criou. Muitos desafios se impõem às Nações Unidas e o texto do Le Monde Diplomatique nos ajuda a vislumbrá-los. Convido todos a esta instigante leitura.
por Carlos Augusto Faria Pedro.
Professor de Geografia – 3ª Série EM Manhã/Integral.