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Histórias do Pe. Cabada, SJ: o poder de um carinho em “A moedinha”

Leia a narrativa criada e contada por Pe. Cabada, SJ, sobre a alegria de uma senhora diante do amor infantil

 

 

A moedinha

 

O segundo degrau da escadaria de um conhecido banco da cidade foi o lugar escolhido por aquela mendiga idosa, magra, de cabelos brancos, que, com sua voz monótona e a mão esticada, apoiada sobre o joelho, repetia:

− Uma esmolinha por amor de Deus… Uma esmolinha por amor de Deus…

 

Por aquela rua, estreita e cheia de curvas, com o nobre nome de avenida, passa muita gente, quase sempre as mesmas pessoas. Por isso, especialmente as mulheres, ao pararem para encontrar uma moeda na bolsa atulhada de coisas, conversavam um pouco com ela.

 

Um dia, voltando para a minha residência, depois de visitar uma pessoa doente, já perto da escadaria, percebi, vindo pela mesma calçada, em direção contrária à minha, e aproximando-se também da escadaria, uma jovem senhora acompanhada de uma menina de uns 9 ou 10 anos. Provavelmente mãe e filha. Pararam. A mãe abriu a bolsa e deu uma moeda à criança. A menina adiantou-se e colocou cuidadosamente a moeda na mão da mendiga. Depois sorriu para ela, levantou a mão até a altura da cabeça da mendiga e acariciou várias vezes seus cabelos brancos. Depois, dando um saltinho, voltou para junto da mãe e continuaram lado a lado pela calçada, cruzando-se comigo…

 

Ao passar diante da mendiga de brancos cabelos, olhei para ela. Sorria… Fiquei pensando que ela tinha gostado muito mais da carícia infantil que da moeda. A moeda serviu para alimentar seu estômago, mas a carícia certamente alimentou seu coração …

 

Pe. Cabada, SJ