Já há alguns anos, diversas entidades relacionadas ao cuidado com a Saúde Mental se dedicam ao Setembro Amarelo: campanha de prevenção ao suicídio. O tema merece a atenção de todos nós, uma vez que, em seu entorno, ainda são depositados muitos mitos, alguns relacionados ao fato de o suicídio ser um tabu – algo silenciado na sociedade. É de fato algo complexo que necessita esclarecimento!
Por essa razão, ao longo de todo o mês, são realizadas diversas ações com objetivo de dar visibilidade à prevenção do suicídio, organizando uma educação sobre o tema por meio de palestras e publicações nas diversas redes sociais, promovidas por especialistas e órgãos relacionados à saúde; como também sinalizações em amarelo colocadas em edifícios públicos para dar destaque à campanha. Esta cor é utilizada como referência à luz, lembrando que é necessário iluminarmos o tema, esclarecendo as dúvidas e tornando compreensível essa delicada questão. Dessa forma, a sociedade pode desconstruir os tabus e superar o estigma.
As estatísticas alertam sobre os impactos do suicídio e indicam que não somente os profissionais podem atuar no acolhimento. Daí o lema deste ano: “Agir salva vidas”. Nesse sentido, a conscientização se faz necessária, pois ainda são comuns posturas inadequadas, tais como: associar o pedido de ajuda de alguém que está sofrendo por desesperança com a “necessidade de chamar atenção”; ou julgamentos do tipo “tanta gente passando por problemas sérios e você pensando nessa besteira” ou “você tem tantas coisas, seja grato”. O acolhimento e a ajuda necessários precisam caminhar em outra direção!
Diversos estudos da área indicam que a prevenção é possível, orientando as pessoas sobre quais são os recursos existentes. Para que isso aconteça, é preciso identificar os fatores de risco, ação que envolve uma “escuta” atenta, ou seja, a observação das palavras ditas por aqueles que nos cercam e também algumas atitudes. Vale lembrar que, considerando o conjunto dos comportamentos autodestrutivos, a tentativa de suicídio é como uma ponta de iceberg. Portanto, precisamos conhecer outros tantos sinais que servirão de alerta. Fique atento às seguintes situações: tristeza constante e isolamento, alterações no apetite e sono, apatia ou irritabilidade, choro e sentimento de culpa ou solidão, mudanças bruscas da rotina ou do desempenho na escola/faculdade/trabalho. Caso você conheça alguém que esteja apresentando esses sinais, tente escutá-lo, sem julgamentos, incentivando sua percepção de que ele não está sozinho, e, que é possível buscar ajuda.
Nos últimos anos, o medo de falar sobre o assunto tem sido vencido com informações sobre as causas e os fatores que envolvem tais acontecimentos. O suicídio é um problema de saúde pública, e é preciso falar para que a sociedade seja informada. Estima-se que 17% da população brasileira já pensou em suicídio, e, para que esses pensamentos não se tornem realidade, as informações precisam ser compartilhadas ampliando o apoio daqueles que possam vir a necessitar. Os impactos do suicídio são amplos e complexos, uma vez que calculamos que, a cada vida perdida, outras seis ficam comprometidas. Portanto, fiquemos atentos àqueles que estão à nossa volta e façamos a pergunta: “em que eu posso ajudar?”
Uma opção para o auxílio respeitoso é o CVV – Centro de Valorização da Vida. A entidade mantém um serviço voluntário de escuta sigilosa que pode ser realizada por meio de uma ligação telefônica (ligue 188), além de atendimento via chat pelo site. Para maiores informações, acesse os links abaixo.
Campanha Setembro Amarelo 2021: https://www.setembroamarelo.com/
Cartilha Suicídio: saber agir e prevenir (Produzida pelo Ministério da Saúde e disponível no site do CVV, na aba Conheça Mais): https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf
Referências:
BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Dossiê Suicídio. Revista de Psicologia da USP, vol 25, número 3, Set-Dez 2014.
Por Raphaela Souza dos Santos
Agente de Formação Cristã