O anjo Gabriel saudou a Maria: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1, 26-38). A ela foi dada a maior benção de todas, ser a mãe do filho de Deus, Jesus. A essa missão que lhe foi confiada, a jovem disse sim, e, ao aceitar o Verbo Divino em seu ventre, Maria aceita a humanidade também, torna-se mãe de todos nós e se compadece da cruz que cada homem e mulher carrega.
É no colo dessa mãe que encontramos consolo, é o seu olhar piedoso que nos acompanha em nossas lutas diárias e é em seu sagrado coração que encontramos a paz.
No dia 27 de novembro, celebra-se o dia de Nossa Senhora das Graças, uma manifestação da Santíssima Virgem na França, em 1830, à Santa Catarina Labouré, quando ainda era uma noviça.
Nesta aparição, Maria oferece à humanidade o seu dom de acolher os pedidos dos necessitados e alcançar a graça de atendê-los, através da sua interseção junto a Deus Pai. “Oh, Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”, assim ela nos pede para a ela nos dirigirmos nos momentos em que precisarmos de sua mão para prosseguir a caminhada, de seu colo para o descanso da dor, de seu olhar piedoso para as nossas fraquezas e de seu coração amantíssimo para restaurar em nós o amor a Deus.
“Maria passa na frente, Pisa na cabeça da serpente, Intercede junto a Jesus, Que a Cruz Sagrada seja a minha luz”. (Padre Marcelo Rossi)
Não por acaso, Maria pediu a Santa Catarina que assim fosse retratada em sua medalha: De um lado, suas mãos estendidas espalhando suas bençãos sobre o mundo e seus delicados pés esmagando a cabeça da serpente do mal, do outro, a cruz acompanhada de Seu Sagrado Coração e do Coração de Jesus. Nesta simbologia, está o seu propósito, proteger-nos do mal, relembrar-nos da graça de termos nosso pecado original perdoado pelo sacrifício de Jesus e nos dar a benção de, através da fé, alcançarmos a graça de Deus.
Neste momento em que vivemos, quando a humanidade encontra-se em busca de soluções para um mundo repartido, assolado pela dor de uma pandemia e de tantas perdas, Nossa Senhora das Graças, rogai por nós e nos console!
“Se eu curvar meu corpo na dor Me alivia o peso da cruz Interceda por mim, minha mãe, junto a Jesus” (Roberto Carlos)
Que essa devoção a Nossa Senhora das Graças, que sempre nos oportuniza seguir mais de perto o nosso Senhor e Salvador, nos ajude a seguir adiante no propósito de testemunhar os valores da fé cristã neste mundo, que tanto carece do cuidado divino, o qual foi tão bem demonstrado na figura materna de Maria, mãe de Jesus e nossa!
Vamos fazer um caminho mirando para as ALEGRIAS de Maria de Nazaré?
São as Sete Alegrias (Setenário) que a Igreja celebra no Tempo Pascal. Aqui trazemos algumas reflexões e sugestões de oração. Queremos dar destaque que as alegrias de Maria se dão nas experiências do Encontro com os outros, assim como é na vida da gente. É uma oportunidade de nos perguntarmos sobre a qualidade dos nossos encontros e, em sintonia com a Igreja, reforçar o nosso esforço em colaborar na construção da Cultura do Encontro, tão anunciada pelo Papa Francisco em suas exortações.
Primeira ALEGRIA:O encontro com o Anjo Gabriel Algo maravilhoso aconteceu comigo hoje: enquanto eu rezava no Templo, o anjo Gabriel me visitou, dizendo que eu fui escolhida para ser a mãe do esperado Messias. A princípio um temor se apoderou de mim. Não foi medo de Deus, mas um sentimento de ser indigna (…). Por que o Senhor se dignou me chamar? Minha fé e confiança no Projeto de Deus foram maiores que qualquer dúvida ou medo, por isso eu disse “sim”, faça-se em mim segundo a vontade do Todo-Amoroso, e assim foi feito. Rendo graças ao Deus da minha vida, que quis se utilizar da minha pequenez para uma missão tão grande. (Adaptação do livro: 9 meses com Maria – Pe. Luís Erlin, CMF).
Olhando para Maria aprendemos a superar nossos medos e confiar que nossa existência é regida pela mão amorosa de Deus.
Segunda ALEGRIA:O encontro com a prima Isabel O evangelista Lucas nos apresenta uma visita inesperada: a visita daquela que não permanece fechada nem ensimesmada em seu mistério. A visita daquela que se sente impulsionada a sair de si mesma para colocar-se a serviço daquela que está necessitada de ajuda. Uma visita alegre, espontânea e gratuita, porque é cheia da experiência de Deus. Maria que faz Isabel sentir a alegria de uma maternidade não esperada. Isabel que faz Maria sentir as maravilhas que Deus realizou nela. Uma visita que se expressa em dois cantos de louvor e ação de graças: “Bendita és tu que acreditaste” e “Minha alma engrandece o Senhor”. Há visitas que não significam muito: só servem para matar o tempo e “jogar conversa fora”. E há visitas que nos despertam, que fazem saltar a vida divina que carregamos dentro de nós. Por isso, todos somos seres carentes de mais visitações. Visitações que despertem nossas possibilidades e sonhos, que nos ajudem a reconhecer as maravilhas que Deus realiza em nós e nos outros.
Saindo com Maria a caminho da casa de Isabel, recordo as minhas histórias de “saídas”, de “encontros”, de “diálogos”. Reconheço nelas a presença da surpresa, do novo, do encantamento, da exclamação, da admiração?
Terceira ALEGRIA:O nascimento de Jesus Deus se fez “carne” fascinado pela humana natureza, para glorificar a criação. Deus preferiu nascer como corpo, apesar de todos os riscos. E nasceu, declarando que o corpo está eternamente destinado a uma dignidade divina. Na Manjedoura, na verdadeira pobreza. Em Maria, na pobreza do coração. Se o meu coração se transformar em manjedoura, Deus se fará pequenino para nele vir nascer de novo. A História da humanidade ganha sentido e orientação somente à luz deste evento natalício; Luz que vem do alto e ressoa dentro, no silêncio e na noite do caminho, como um canto de alegria e um anúncio de paz. Sobre o Menino se inclina sua Mãe, em silêncio: o Amor não precisa de palavras para ser entendido.
Redescobrir que o sentido de minha existência está em esvaziar a mim mesmo para que o amor chegue puro e limpo a todos. Maria, quero aprender com você a silenciar e contemplar.
Quarta ALEGRIA:O encontro com os Magos Maria é caracterizada, no momento culminante do relato, como aquela que está ao lado de Jesus. Enquanto toda a Jerusalém se turba com Herodes, Maria está com Jesus. Ela não é nomeada pelo nome, mas é apresentada como “sua mãe”. Maria nos apresenta e nos entrega Jesus. Seu Filho é para nós.
Maria é aquela que sempre nos apresenta Jesus. Ela não se cansa de nos apresentá-Lo… em vários momentos, de diversas maneiras e circunstâncias. Ouvir as palavras de surpresa, agradecimento e alegria na Mãe de Jesus aos Magos. Recordar a sua experiência de encontro com Jesus… como foi? Quem te apresentou? Quando?…
Quinta ALEGRIA:O encontro de Jesus no templo À medida que Jesus vai crescendo em idade, cresce também Nele a consciência da sua relação com o Pai celeste. E, a partir dela, toma decisões por sua conta, sem consultar seus pais terrenos; decisões que não os surpreendem, mas que os fazem sofrer. O filho é um mistério para a mãe. Embora feita com todo o carinho de um coração de mãe, a pergunta de Maria – “Meu filho, porque agiste assim conosco?” – mostra a sua perplexidade diante do comportamento de Jesus, ao mesmo tempo que a alegria de ter encontrado a quem buscava.
Como é bom para uma mãe saber que o filho está seguro e com saúde… não tem preço. Que nossa oração hoje possa ser pelos nossos filhos. Peçamos também a Deus pelas mães que sofrem por seus filhos.
Sexta ALEGRIA:O encontro de Maria com Jesus ressuscitado “O melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”… Na casa de Nazaré, Maria sofria a morte do seu Filho. Jesus ressuscitado vem ao encontro dela e uma explosão de alegria acontece naquele abraço. Experiência de reconhecimento e envio, marcada pelos sentimentos de paz e alegria interior e profunda. Maria cabe no abraço de Jesus ressuscitado, bem como eu e você… um abraço demorado, alegre e iluminado. É um convite ao abraço… abraçar os viventes, a humanidade, abraçar a todos que encontrar pelo caminho. Sair do túmulo (frio e vazio de vida) e entrar no abraço (quente e cheio de vida). A porta da casa de Maria está aberta. A casa de porta aberta olha para o futuro amplo e iluminado. A casa de porta aberta é para mim um convite a viver a vida verdadeira, a abraçar, a aproximar, a encontrar…
Deus escolheu a todos nós e a cada um em particular como discípulo/a do seu Filho amado. Sejamos, por graça de Deus, místicos de olhos abertos, encontrando o Senhor Ressuscitado em todas as pessoas, sobretudo nos mais necessitados.
Sétima ALEGRIA:Assunção de Maria ao céu (O encontro dos encontros) Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo ferido. Assim como chorou com o coração trespassado a morte de Jesus, assim também agora Se compadece do sofrimento dos pobres crucificados e das criaturas deste mundo exterminadas pelo poder humano. Ela vive, com Jesus, completamente transfigurada, e todas as criaturas cantam a sua beleza. É a Mulher «vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça» (Ap 12, 1). Elevada ao céu, é Mãe e Rainha de toda a criação. No seu corpo glorificado, juntamente com Cristo ressuscitado, parte da criação alcançou toda a plenitude da sua beleza. Maria não só conserva no seu coração toda a vida de Jesus, que «guardava» cuidadosamente (cf. Lc 2, 51), mas agora compreende também o sentido de todas as coisas. Por isso, podemos pedir-Lhe que nos ajude a contemplar este mundo com um olhar mais sapiente. (Papa Francisco – Laudato Si 241)
Olhar amoroso, contemplar, amar, rezar, trabalhar… atitudes que Deus nos pede e Maria nos ensina de um jeito bem concreto. Ações que o mundo de hoje precisa e pede a cada um em particular e a todos nós.
Oração para todos os dias
Senhora da Alegria, nossa Mãe, venho aos teus pés para agradecer a tua maternal intercessão e cuidado. Peço, mãe, que transforme minhas tristezas, minhas dores, minhas aflições e angústias em alegria. Dá-me fé e perseverança, transforma meus sofrimentos e dificuldades em vitória e alegria. Intercedei junto ao teu Filho Jesus para que meu coração encontre a paz e na alegria possa melhor te louvar e agradecer. Obrigada, mãe, por me envolver em teu doce manto de amor e ouvir as minhas súplicas. Amém!