Somos criaturas leitoras

 

Com frequência, ouvimos falar – e também falamos – sobre a importância da leitura em nossas vidas, sobre a necessidade de se cultivar o hábito de ler desde a infância, sobre o papel da escola na formação de leitores competentes. É nessa infinidade de representações e funções da leitura que Alberto Manguel, escritor argentino e leitor voraz, afirma: “Somos criaturas leitoras, ingerimos palavras, somos feitos de palavras, sabemos que palavras são nosso meio de estar no mundo, e é através das palavras que identificamos nossa realidade e por meio de palavras somos, nós mesmos, identificados.”

 

Manguel fala da leitura como um mecanismo que nos permite olhar para dentro de nós, como fonte de autoconhecimento e construção de nossa identidade. Traz à tona o caráter humanizador intrínseco à literatura. Diante dela, o homem repensa seu papel no mundo, seus valores e princípios.

 

E, de fato, o que isso quer dizer? Encontramos resposta a essa pergunta nas palavras do grande mestre Antonio Candido e nas lições que ele nos deixou em seu clássico artigo “O direito à literatura”, de 1988:

 

“[…] assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. Deste modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente.”

 

Nessa afirmação, Candido nos dá uma dimensão da importância da literatura em nossas vidas. Diante do texto literário, o leitor tem a oportunidade de reconhecer a si mesmo e o mundo que o cerca. Abre-se uma vasta gama de possibilidades de viver situações que talvez não imaginasse, de estar em lugares que talvez nunca visitasse, de pensar como pessoas que jamais conhecesse.

 

Porque nos faz imaginar, a literatura traz consigo a aptidão de criar uma civilização capaz de sonhar. Ela nos permite criar situações não só para que possamos vivenciar novas experiências, mas para que possamos criar mundos diferentes. E assim, na contraface da imaginação, o olhar sobre a realidade ganha viés crítico. Quando somos capazes de idealizar, de pensar em novas maneiras de viver, de sonhar um mundo melhor, somos também capazes de pensar e de buscar uma sociedade mais justa. É como diria Mario Quintana: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.”

 

Afastar-se da literatura ou privar-se dela pode gerar um estado “anestesiado”, de indiferença ao que se passa fora dos muros da própria existência e, sobretudo, ao sofrimento alheio. A escritora e formadora de professores e mediadores de leitura, a argentina Maria Teresa Andruetto (2018), alerta sobre esse perigo da “indiferença”. Em suas palavras:

 

Se a literatura nos permite entrar no coração do outro, então, evitá-la nos ajuda a viver anestesiados. A anestesia na leitura se constrói por um caminho de formas fixas, estereótipos que impedem penetrar a superfície dos textos e da vida. (…). Histórias narradas em uma linguagem amável e inócua em oposição ao literário, cuja potência reside na possibilidade de nos inquietar, de nos conduzir às zonas inesperadas de nós mesmos.

 

Assim, a literatura é, ao mesmo tempo, o lugar em que nós nos formamos como seres humanos e arcabouço de conhecimento das sociedades todas. É instrumento de reflexão, de compreensão de nós, do outro e do mundo e, como tal, relaciona-se diretamente com os princípios inacianos.

 

Por fim, retomo as palavras de Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro de alma e ofício, em seus versos: “Tudo que sei é ela que me ensina./ O que saberei, o que não saberei nunca, está na Biblioteca em verde murmúrio/ de flauta-percalina eternamente”. A leitura não está presente apenas no texto, está dentro de cada leitor que confere a ele um significado único. Portanto, hoje, no Dia Nacional do Livro, venho homenagear não apenas os escritores, mas também os leitores. Desejo a todos ótimas leituras e um feliz Dia Nacional do Livro!

 

Por Patrícia Miranda Machado

Assessora de Área – Linguagens

Momento de reflexão sobre si mesmo e o mundo: Projeto Compañeros com inscrições abertas

 

Estão abertas as inscrições para a edição 2021 do Projeto Compañeros, direcionadas aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio. Os interessados podem confirmar a participação por meio da Plataforma Moodle, entre esta quinta (9) e segunda-feira (13), às 10h30. A realização das primeiras atividades está prevista já para terça-feira (14). Nesta edição, o tema é o mesmo do Ano Inaciano 2021-2022, “Ver novas todas as coisas em Cristo”.

 

No Compañeros, os estudantes são estimulados a lançarem um olhar esperançoso e comprometido com a vida, com a história e com o mundo, pautados na justiça e no amor fraterno. Para isso, busca-se inspiração no caminho trilhado por Santo Inácio de Loyola.

 

Serão duas etapas: na primeira, que tem início na terça (14), os jovens terão a oportunidade de retomarem o caminho de formação espiritual e de reconhecerem seus pontos de força e fragilidade. Esse momento de reflexão acontecerá de forma on-line, sempre nas terças-feiras.

 

A segunda etapa será um momento de imersão no Recanto Manresa, ainda sem data confirmada. Os estudantes poderão pensar em seus projetos de vida, tendo em vista os desafios que um cidadão do mundo precisa enfrentar. Desta forma, o lema do Ano Inaciano é um chamado para a descoberta de um novo caminho em meio aos desafios impostos pela sociedade. A data desse encontro presencial será definida de acordo com o sistema de faixas do programa municipal de enfrentamento à covid-19, “Juiz de Fora pela Vida”.

 

Neste ano o Compañeros tem uma novidade: estudantes do Colégio Anchieta de Nova Friburgo (RJ) participarão dos encontros em conjunto com os estudantes do Colégio dos Jesuítas, pela internet. O Colégio Anchieta é uma instituição irmã do Colégio dos Jesuítas na Rede Jesuíta de Educação. Os jovens do Anchieta também terão seu momento de imersão, de forma separada. Posteriormente as experiências vividas serão compartilhadas on-line.

 

A ação educativa do Compañeros é fundamentada em três momentos: tomada de consciência da história, caminhos e escolhas sobre o tempo presente; exame de consciência e discernimento tendo em vista o caminho trilhado (exercício que ajuda a reconhecer os movimentos do coração a partir dos apelos de Deus) e espaço de eleição no qual os estudantes possam ordenar o projeto de vida de modo dinâmico e processual, atentos aos apelos da contemporaneidade.

 

Em caso de dúvidas, os estudantes podem entrar em contato com o agente de Formação Cristã Marcos Antônio do Amaral, através da Plataforma TEAMS ou pelo telefone do Colégio: (32) 2101-5700, durante o período da manhã.

Tomam posse representantes de turma eleitos para o ano letivo de 2021

 

Os representantes de turma do Colégio dos Jesuítas eleitos para o ano letivo de 2021, já tomaram posse. O evento aconteceu durante a Missa da Comunidade presidida pelo Diretor Acadêmico Pe. José Robson Silva Sousa, SJ, do dia 19 de maio.

 

A celebração contou com a participação da equipe diretiva do Colégio e também dos coordenadores das Unidades II e III. Já os novos representantes, participaram através de plataformas on-line, em respeito aos cuidados sanitários adequados ao período.

 

Esta função, assumida pelos estudantes enquanto compromisso e missão, é resultado de uma das práticas da Formação Cristã, na dimensão da Liderança Inaciana. Ao longo do primeiro trimestre, em todas as turmas do Ensino Fundamental II e também nas 1ªs e 2ªs séries do Ensino Médio, os estudantes participaram de atividades formativas em que puderam refletir de modo propositivo sobre a Liderança, características e especificidades da Liderança Inaciana e atribuições do representante de turma.

 

Dessa forma, o grupo de 52 estudantes, colocou-se à serviço dos demais, a partir deste modelo de liderança que requer comprometimento com a justiça, com o cuidado de todos e de cada um e com a construção do bem comum.

 

Parabéns aos novos representantes!

 

Confira o momento da posse dos representantes de turma na Missa da Comunidade de 19 de maio.