“Seu Imposto de Renda pode ser Educação e Esperança”: Saiba como ajudar instituição que integra o braço social da Companhia de Jesus

 

Está em circulação a campanha “Seu Imposto de Renda pode ser Educação e Esperança”, para arrecadar doações a partir do IR de pessoas físicas, essas quantias serão destinadas para a Fundação Fé e Alegria. A instituição tem o compromisso de levar promoção social e educação integral a crianças, adolescentes e adultos em situação de vulnerabilidade social. A doação realizada poderá ser descontada posteriormente no IR (até 6% do imposto devido).

 

Com 40 anos de atividades em solo brasileiro, a Fundação Fé e Alegria é um movimento integrante da Federação Internacional de Fé e Alegria e da Companhia de Jesus. A Fundação está presente em 14 estados do Brasil, assistindo a oito mil pessoas.

 

Dois projetos sociais do Fé e Alegria localizados nas cidades mineiras de Santa Luzia e Montes Claros, além de outro, na cidade de São Paulo, estão aptos a participarem da campanha. Apenas iniciativas aprovadas pelos órgãos competentes podem receber a doação do IR. É preciso comprovar a capacidade técnica e ter uma gestão transparente.

 

Como doar?

Para fazer a sua doação, é necessário acessar o site oficial da campanha. Lá, o usuário pode conhecer e selecionar os projetos que quiser apoiar e fazer a simulação do Imposto de Renda. A simulação serve para a pessoa descobrir se pode usar o próprio IR e qual o seu potencial de doação. Após o resultado da simulação, o doador pode escolher a forma de pagamento mais conveniente – pix, cartão de crédito ou boleto bancário. A doação pelo pix poderá ser feita até o dia 28 de dezembro. Já as doações em cartão de crédito e boleto bancário poderão ser feitas até 27 de dezembro.

 

Quem efetuar a doação receberá um recibo a partir de janeiro de 2022, junto com um informe de doações com as devidas instruções para declarar a quantia destinada à campanha. Depois, a pessoa precisa apenas esperar o retorno do valor da doação, através de restituição do total pago ou de redução do saldo a pagar do Imposto de Renda.

 

No campo de doação, também é possível realizar uma doação direta à Fundação Fé e Alegria do Brasil. Assista ao vídeo da campanha para obter outras informações.

 

ENEM 2021: segundo dia de acordo com as expectativas

 

O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio transcorreu com tranquilidade para a comunidade educativa do Colégio dos Jesuítas. Com uma preparação intensificada na última semana, os estudantes foram confiantes para as provas de Matemática, Ciências da Natureza e suas respectivas tecnologias.

 

Com relação às questões de Matemática, o Professor Paulo Roberto Fernandes II afirmou que “a prova […] veio mais conteudista do que nos anos anteriores e abrangeu praticamente quase todo conteúdo do programa. Teve um grau de dificuldade maior do que no ano anterior, mas dentro do esperado”. A mesma perspectiva foi adotada pela Assessora da Área, professora Gisele Rosa Breviglieri. Segundo ela, “a prova de matemática apresenta poucas oscilações de conteúdo de um ano para o outro. Sendo assim, a distribuição de conteúdos clássicos foi mantida”.

 

Quanto à área de Ciências da Natureza, as observações apontam para uma prova também conteudista, mas de acordo com as expectativas. Na Química, “as questões do ENEM 2021 apresentaram uma distribuição tradicionalmente esperada entre os conteúdos previstos, embora com mais itens de Química Orgânica (se comparados às edições anteriores)” – relatou o professor da 3ª série, Marcelo Marins Ramalho.

 

A Biologia, analisada pelos professores Wander de Paula Gomes e Luiz Francisco Fazza, diversificou os conteúdos cobrados. Na visão dos docentes, a prova deixou de ter Ecologia como um dos focos principais e valorizou conteúdos específicos, como nas questões de Botânica. Além disso, privilegiou a interpretação por parte dos estudantes, tendo o texto-base das questões trazido muitas informações relevantes.

 

Completando a área, a prova de Física seguiu a linha e não gerou surpresas. O professor Wagner Augusto Teixeira da Silva afirmou: “[…] percebemos uma quantidade considerável de questões sobre calorimetria, termometria, eletromagnetismo, eletrostática e eletrodinâmica. O nível de dificuldade das questões nos pareceu adequado, poucas questões exigindo cálculos complexos, muitas questões de caráter puramente conceitual e um ponto que chamou a atenção para a prova desse ano foi o reduzido número de questões sobre Dinâmica”.

 

Na opinião dos professores, a preparação oferecida aos estudantes do Colégio dos Jesuítas esteve bem alinhada com as provas, o que se reflete na expectativa de bons resultados e aprovações no Ensino Superior: “Com tranquilidade, podemos ressaltar que os alunos do Colégio dos Jesuítas receberam embasamento e preparação para realizarem as provas com qualidade e, assim, obterem o sucesso esperado”, declarou a Assessora de Área – Ciências da Natureza, professora Simone Alves de Oliveira Cortes.

 

Nas próximas semanas, a terceira série estará envolvida com o Revisional PISM. O Colégio dos Jesuítas segue oferecendo uma vivência rica de aprendizagens que também prepara com excelência para os desafios das avaliações externas. A formação integral, o cuidado socioemocional e a qualidade acadêmica contribuem para a preparação dos estudantes para a vida!

 

Por Prof. Ivan Bilheiro

Orientador Pedagógico 

Educação para um futuro de esperança é tema de encontro global de educadores jesuítas

 

O II COLLOQUIM-JESEDU Global2021 (Congresso Internacional dos Delegados de Educação da Companhia de Jesus) acontece entre esta segunda-feira (28) e sexta-feira (2). O colóquio é um encontro entre equipes diretivas de colégios jesuítas de todas as partes do mundo. De forma completamente on-line, as lideranças vão discutir estratégias para o contínuo enriquecimento da formação nas escolas da Companhia de Jesus em um mundo transformado pela pandemia do coronavírus.

 

 

Neste ano, o tema do encontro é “A Rede Global de Colégios Jesuítas: Discernindo para um Futuro Cheio de Esperança”. Quatro eixos vão orientar as reflexões dos participantes: Educando para a Fé, Educando para a Profundidade, Educando para a Reconciliação e Educando para a Cidadania Global.

 

 

O Superior Geral dos Jesuítas, Pe. Arturo Sosa, SJ, refletiu sobre o momento presente da humanidade e desejou que pensemos em como podemos contribuir na construção de um futuro com esperança.

 

 

“Como humanidade, é importante perguntarmos que tipo de educação necessitamos para o presente e o futuro, de tal maneira que as novas gerações que entrem em nossos colégios, encontrem a oportunidade de formarem-se como pessoas para e com os demais, comprometidas na construção do novo mundo que desejamos”, afirmou.

 

Superior Geral, Pe. Arturo Sosa, SJ: que os colégios jesuítas sejam espaços de formação para e com os demais.

O sucessor de Inácio também destacou a realização do JESEDU no início deste Ano Inaciano, o que nos convida à conversão e ver novas todas as coisas em Cristo, assim como aconteceu com Santo Inácio de Loyola, após ser ferido por uma bala de canhão na Batalha de Pamplona, em 1521.

 

 

“Paradoxalmente foi a oportunidade para abrir sua mente e seu coração a sonhar novos horizontes e possiblidades que não havia considerado antes”, ressaltou.

 

 

A edição 2021 do JESEDU abre o segundo ciclo de discernimento, intitulado “Caminhando como Rede Global a Serviço da Missão”. Esse ciclo vem na sequência do anterior, “Descobrindo Nosso Potencial Apostólico Global”, com diversos encontros ao longo de oito anos (entre eles o 1º JESEDU, realizado no Rio de Janeiro em 2017), que ajudaram a gerar estrutura e foram fator de conexão humana.

 

 

O simpósio é chefiado pela Comissão Internacional para o Apostolado Educativo Jesuíta (ICAJE) e organizado pela Conferência Jesuíta Ásia-Pacífico (JCAP), com base nas Filipinas. Além de contar com suporte do Secretariado de Educação da Companhia de Jesus e da plataforma Educate Magis, que reúne educadores de escolas jesuítas ao redor do mundo.

Escritor Fernando Carraro faz visita virtual a estudantes do 5º ano/Fundamental: Momento de reflexão sobre o cuidado com o planeta

 

Uma tarde repleta de aproximação com o universo da pesquisa e de conscientização sobre o cuidado com o meio ambiente. Assim foi a visita virtual do escritor Fernando Carraro aos estudantes do 5º ano/Fundamental, realizada nesta terça-feira (15). O autor respondeu dúvidas de todas as turmas e falou sobre seu livro paradidático “O Planetário”, publicado pela Editora FTD e que vem sendo trabalhado em sala de aula.

 

Formado em História e Geografia e também em Filosofia, Psicologia e Pedagogia na Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena (SP), Fernando Carraro foi professor em escolas da capital paulista e no interior de São Paulo, nas redes pública e privada.

 

Na conversa, o autor falou sobre o seu apreço por ciências como Geografia e Astronomia, suas motivações na hora de escrever, como é o seu processo de trabalho, entre outros assuntos.

 

Foram muitas as perguntas sobre a obra “O Planetário”. Os estudantes queriam saber detalhes da criação de personagens (inspirados em pessoas reais, como os irmãos do autor e um professor da faculdade, o Padre Hugo) e de trechos da obra. Pesquisador e apaixonado pela Astronomia, Carraro fez menção na conversa, ao planetário localizado no Centro de Ciências do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

 

Questionado se gostaria de conhecer todos os planetas, o escritor demonstrou não ter essa ambição e ressaltou a importância do cuidado com a grande Casa Comum: “Eu estou contente aqui com a Terra, com esse planeta onde eu moro. Agradeço a Deus de ter feito ele tão bonito para nós, onde tem tudo: água, atmosfera, animais, o que você plantar, nasce. É fantástico! Temos que cuidar”.

 

Ao final da última visita do dia, na turma D do 5º ano/Fundamental, Fernando Carraro agradeceu o convite e deixou um recado aos estudantes: que tivessem paciência para atravessar a pandemia.

 

“Não se sintam chateados: ao menos vocês estão em uma escola, ao menos estão tendo aulas, podem comprar livros. No país em que vocês moram, milhões de crianças não podem. Se considerem crianças privilegiadas, agradeçam a Deus por isso. Vocês estão em uma escola para se formar, mas principalmente, para melhorar um pouquinho esse nosso planeta, essa nossa casa que nós amamos tanto, o planeta mais lindo do universo”, finalizou.

Ano Inaciano é tema do 5º Concurso de Redação e Arte da RJE

 

“Ver novas todas as coisas em Cristo”. O tema do Ano Inaciano 2021-2022 é também, mote do 5º Concurso de Redação e Arte da Rede Jesuíta de Educação (RJE). O certame volta a ser realizado neste ano, após interrupção em 2020, causada pela pandemia do coronavírus.

 

Tendo Santo Inácio de Loyola como guia e fortalecidos nos caminhos dele, a temática inspira estudantes, professores e colaboradores a uma reflexão sobre como empatia, respeito, solidariedade, justiça e tolerância podem romper com questões da vida contemporânea, deixando de lado o individualismo, o orgulho, os preconceitos e as falsas verdades. O objetivo é “ver o humano do humano como Cristo (viu)”, inspirados por Inácio.

 

O Concurso é direcionado a estudantes do 7º ano/Fundamental ao 9º ano/Fundamental dos Colégios da Rede Jesuíta de Educação espalhados pelo território nacional.

 

No Colégio dos Jesuítas, os estudantes do 7º ano criarão ilustrações em diversas técnicas (desenho, colagem, pintura, etc), com apoio dos professores de Artes Marcos Monrsi Bavuso e Iara Cardoso da Silva, com orientação do professor de Ensino Religioso Simeão Cirino de Paiva.

 

No 8º ano, os estudantes vão redigir contos (texto narrativo), auxiliados pela professora de Redação Josélia Martins de Paula, pela professora de Estudos Dirigidos Daniela Bigonha Bovareto Silveira e, ainda, pelo professor Simeão de Paiva.

 

Já no 9º ano, as turmas produzirão fotografias, com a assistência dos professores de Artes Iara Cardoso e Marcos Bavuso, e do professor de Ensino Religioso Douglas Willian Ferreira. As imagens serão enxergadas como fonte de comunicação, interação e criação artística.

 

Para comporem suas obras, os estudantes terão acesso a obras de arte clássicas e contemporâneas, entre ilustrações e fotografias, de artistas como Sebastião Salgado, Michelangelo, Cândido Portinari e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Passagens bíblicas, textos jornalísticos e contos também serão relacionados, visando uma reflexão sobre a vida e o outro.

 

Todas as atividades se relacionam diretamente com os preceitos da Educação Jesuíta, quanto a formar cidadãos reflexivos, críticos e comprometidos. A participação no Concurso de Redação e Arte é mais uma oportunidade de sensibilizar os estudantes e a comunidade escolar como um todo, a olharem além das janelas da TV e dos aparelhos eletrônicos e digitais, unindo-se assim, à realidade das coisas vividas em Cristo.

 

Após seleção interna, as peças indicadas serão enviadas por e-mail para o comitê central da Rede Jesuíta de Educação e, lá, ficarão disponíveis para votação.

 

Assista ao vídeo com o convite de antigos participantes para a edição de 2021, entre eles a estudante da 3ª Série/Médio – Manhã do Colégio dos Jesuítas, Barbara Fassheber de Moraes.

 

 

Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva

No Dia Nacional de Luta pela Educação Inclusiva, 14 de abril, trago a entrevista, ou melhor, o bate-papo, com a Mariana Rosa, mulher mineira, potente, com uma fala própria e assertiva, pois a propriedade do assunto vem da vivência. Mariana é uma mulher com deficiência visual, educadora, jornalista e integrante do Coletivo Helen Keller, é uma referência como ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, além de ser a mãe da Alice, que teve paralisia cerebral. E, como ela mesmo diz, “não necessariamente nessa ordem.”

 

Mari é uma pessoa que nos abraça, abraça as causas, nos acolhe e é sempre muito gentil, com sua voz doce, que ecoa pelos caminhos da inclusão (não só escolar, mas em todos os caminhos), sempre agrega muito, mas não se engane com a doçura, pois essa mulher tem uma força e uma energia admiráveis! Conviver com ela é um presente que a inclusão me proporcionou, por isso, venho, prazerosamente, partilhar as palavras que escuto, não só nesse bate-papo, mas diariamente, e que se tornaram lema na Educação Inclusiva, Mudar a escola, não mudar de escola, trazendo a possibilidade de serem construídos ambientes escolares mais inclusivos, que reconheçam as diferenças e acolham a todas e todos.

 

Melissa – Existem alguns dispositivos legais que garantem a entrada e permanência do estudante com deficiência na escola regular de ensino, como a Constituição Federal de 1988 (Art. 206), a Convenção a respeito dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Art. 24) e a Lei Brasileira de Inclusão (Art. 27). O ano passado foi bem controverso para a educação, muitas foram as discordâncias em função de questões que trouxeram a segregação escolar. Como você vê o ano de 2020 para a Educação Inclusiva?

 

Mariana – O ano era 2020 e ainda havia quem pensasse que inclusão era a ação tomada por um grupo pré-estabelecido em relação às pessoas com deficiência. Ainda há quem acredite que é possível categorizar e classificar os humanos que somos a partir de determinados critérios. Ainda há quem defenda que educação inclusiva é aquela concebida estritamente para incorporar os estudantes com deficiência às escolas regulares. São esses pressupostos, somados a interesses econômicos, que desembocaram na segregação escolar da pessoa com deficiência.

No lugar das instituições especializadas, as quais não podemos chamar de escolas, vieram as reivindicações em torno dos direitos humanos e da afirmação da diferença que nos compõe – a todos e a cada um. Direitos ainda frágeis para as pessoas com deficiência, posto que temos consolidada experiência em segregar e excluir, mas somos iniciantes nos ensaios de convivência com equidade e alteridade.

Nesse contexto, algumas perguntas se fazem necessárias: quais as implicações políticas do que se entende por diversidade, diferença e identidade? Quem define o que é o corpo certo, e o que é o desvio? Quem arbitra sobre os critérios que fazem da escola um lugar para uns, e não para outros? Qual é a norma que organiza o currículo escolar? Quais as suas implicações? Qual é, afinal, o mandato da Educação? Debruçarmo-nos sobre essas perguntas é nosso dever de casa, do contrário, abraçaremos o retrocesso pela conveniente e nefasta ausência de crítica.

Imagem: Reprodução instagram Mariana Rosa

 

Melissa – A diversidade é importante para a construção da identidade de toda sociedade, isso é um fato. Isso ajuda no desenvolvimento do respeito, que é um direito. Ele é fundamental para preservar a identidade, os valores e crenças dos indivíduos, e essencial para garantir a dignidade das crianças e adolescentes, na construção de um mundo mais justo e inclusivo. Como você considera o respeito à diversidade no mundo atual?

 

Mariana – Os conceitos de diversidade, diferença e identidade são resultados das disputas de poder. Dito de outro modo, essas categorias não são dados da natureza, não são essências que aguardam nossa descoberta, ação benevolente ou tolerância. Ao contrário, são social e culturalmente produzidas a partir de um campo de forças de interpretações e interesses. “A identidade e a diferença não são simplesmente definidas; elas são impostas. As classes nas quais o mundo social é dividido não são simples agrupamentos simétricos. Dividir e classificar significa, neste caso, também hierarquizar”, ensina-nos Tomaz Tadeu da Silva. Assim, quando um governo julga deter o privilégio de classificar estudantes a partir do critério da deficiência e sugerir encaminhamentos a locais segregados em razão disso, está exercendo o poder de atribuir diferentes valores às pessoas, bem como de levar adiante instrumentos de dominação e controle.

Os retrocessos permitem que uma determinada identidade seja fixada como norma – o normal – e aquelas que dela se distanciam são compreendidas como o desvio – o especial. A “bola da vez” é a deficiência, mas a arbitrariedade deste critério de classificação de humanos nos indica que o mesmo poderia se dar a partir de qualquer outro critério: a cor da pele, o gênero, a religião, a classe social… Todas elas, estratégias de segregação, que também já conhecemos no passado. O que nos garante que não serão retomadas como se novas fossem? Mais do que isso, como se fossem razoáveis?

 

Melissa – Muitas são as ideias, os conceitos a respeito de uma efetiva Educação Inclusiva. Como você entende que seria um sistema educacional brasileiro realmente inclusivo?

 

Mariana – É preciso questionar a eleição de uma identidade como a norma a partir da qual as demais são hierarquizadas e avaliadas. Habituamo-nos a considerar normal que as pessoas se expressem oralmente, por exemplo, de tal modo que aquelas que se comunicam por outras vias são consideradas desvios, excepcionalidades. Mais do que isso, há uma compreensão hegemônica de que falar é o melhor modo de comunicação, e a ele atribuímos uma série de características positivas, enquanto a comunicação que se dá por outras possibilidades é percebida como ausência da fala, como negativa, como empecilho. Falar é considerado, portanto, normal, natural, desejável, e isso tem tamanha força que a oralidade não é vista como uma das formas de comunicação, mas simplesmente como A comunicação.

Por isso, levar adiante a educação inclusiva significa conceber um sistema educacional que não classifica, nem hierarquiza pessoas, pois reconhece a diferença como a norma a partir da qual tudo se organiza. Ou seja, investe em uma escola não para um determinado grupo de alunos, mas para todos eles, cada um em suas particularidades. Pressupõe compreender a deficiência como um modo de vida tão singular quanto qualquer outro e, por isso, assegura acessibilidade e tecnologias assistivas como direitos inegociáveis. Requer abandonar a ideia do aluno universal, estanque repetidor do que o professor enuncia, para abraçar o aluno real, único e em permanente mudança. Demanda que professor e aluno colaborem um com o outro para anunciar novos e múltiplos jeitos de ensinar e de aprender, em comunidade. Impõe a necessidade de acolher os diversos tempos e modos de aprendizagem, o que solicita um outro desenho para a sala de aula, que não esse que se aproxima de uma linha de produção fabril. Exige que os professores sejam reconhecidos e valorizados, que a gestão democrática seja premissa de trabalho da escola. Levar adiante a educação inclusiva requer, portanto, mudar a escola, e não mudar de escola, e assumir tal processo como um modo de nos comprometermos com as bases de alteridade e justiça para criar o mundo em que queremos viver. Um mundo em que já não cabem as relações de poder de uns sobre os outros, mas o poder que emana da paridade, das relações de uns com os outros.

 

 

Por Melissa Martins

Agente na Formação Cristã