“Seu Imposto de Renda pode ser Educação e Esperança”: Saiba como ajudar instituição que integra o braço social da Companhia de Jesus

 

Está em circulação a campanha “Seu Imposto de Renda pode ser Educação e Esperança”, para arrecadar doações a partir do IR de pessoas físicas, essas quantias serão destinadas para a Fundação Fé e Alegria. A instituição tem o compromisso de levar promoção social e educação integral a crianças, adolescentes e adultos em situação de vulnerabilidade social. A doação realizada poderá ser descontada posteriormente no IR (até 6% do imposto devido).

 

Com 40 anos de atividades em solo brasileiro, a Fundação Fé e Alegria é um movimento integrante da Federação Internacional de Fé e Alegria e da Companhia de Jesus. A Fundação está presente em 14 estados do Brasil, assistindo a oito mil pessoas.

 

Dois projetos sociais do Fé e Alegria localizados nas cidades mineiras de Santa Luzia e Montes Claros, além de outro, na cidade de São Paulo, estão aptos a participarem da campanha. Apenas iniciativas aprovadas pelos órgãos competentes podem receber a doação do IR. É preciso comprovar a capacidade técnica e ter uma gestão transparente.

 

Como doar?

Para fazer a sua doação, é necessário acessar o site oficial da campanha. Lá, o usuário pode conhecer e selecionar os projetos que quiser apoiar e fazer a simulação do Imposto de Renda. A simulação serve para a pessoa descobrir se pode usar o próprio IR e qual o seu potencial de doação. Após o resultado da simulação, o doador pode escolher a forma de pagamento mais conveniente – pix, cartão de crédito ou boleto bancário. A doação pelo pix poderá ser feita até o dia 28 de dezembro. Já as doações em cartão de crédito e boleto bancário poderão ser feitas até 27 de dezembro.

 

Quem efetuar a doação receberá um recibo a partir de janeiro de 2022, junto com um informe de doações com as devidas instruções para declarar a quantia destinada à campanha. Depois, a pessoa precisa apenas esperar o retorno do valor da doação, através de restituição do total pago ou de redução do saldo a pagar do Imposto de Renda.

 

No campo de doação, também é possível realizar uma doação direta à Fundação Fé e Alegria do Brasil. Assista ao vídeo da campanha para obter outras informações.

 

Francisco Xavier: o influencer do Oriente

 

“Talvez nenhum cristão tenha percorrido tantos quilômetros para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo como fez Francisco Xavier, o santo padroeiro das Missões.” (Coleção Jesuítas, Volume 2)

 

Dom Francisco de Jaso e Javier nasceu no dia 07 de abril de 1506, em Navarra, Espanha. Foi o sétimo filho da família dos senhores de Javier e viveu sua infância e adolescência entre os castelos e as cortes, a mudança de privilégios e territórios, a perda do pai e a partida dos irmãos para a guerra. Um início de vida em um ambiente de tumulto e alguns conflitos.

 

Estudou na Universidade de Paris e destacou-se nas ciências, tornando-se professor e ocupando cátedras importantes para o seu tempo. Conheceu grandes homens e mulheres, inteligentes e sábios, mestres e doutores, porém nenhum como aquele que transformaria sua vida por completo. Um espanhol ligeiramente coxo que também tinha sido nobre, mas que, em Paris, precisava mendigar para sobreviver e pagar seu alojamento. Alguém que lutou contra os irmãos dele na guerra e que, ao seu ver, era um fracassado. Esse espanhol era Inácio de Loyola.

 

Esse encontro transformaria o seu horizonte. De mendigo, Inácio passou a ser o seu grande amigo, e Francisco, após a experiência de realizar os Exercícios Espirituais com ele, conseguiu enxergar o sentido profundo de sua existência. Ele conseguiu se enxergar de frente para Jesus, discernindo que nenhuma outra ambição ocuparia sua vida, a não ser a do anúncio do Evangelho.

 

O seu ardor missionário nasce meio que por acidente, pois um jesuíta que partiria para a Índia adoeceu, levando Xavier a se aventurar nessa região e se tornar o grande influencer do Oriente, como poderíamos chamá-lo em nossos dias. Após professar os votos na Companhia de Jesus, partiu para nunca mais retornar a Roma.

 

De 15 anos de sacerdote, 11 os passou no Oriente. Foi para Portugal; partiu rumo à Índia, onde atuou em Goa, seguiu para a costa da Pescaria e Cabo de Comorim. Partiu em missão para as Ilhas do Pacífico, Málaca, Amboíno, Ternate, Ilhas Moro (hoje Malásia e Indonésia). Também realizou um amplo trabalho missionário no Japão, mais especificamente nas regiões de Kagochima, Hirado, Yamaguchi e Kioto. Morreu exausto olhando para a China na madrugada do dia 03 de dezembro de 1552, tendo no pensamento e no coração a certeza de que lá também conheceriam a mensagem de um Deus bom, que está próximo de todos sem distinção.

 

Hoje destacamos em Francisco Xavier a sua incansável capacidade de ir e anunciar a mensagem do Reino de Deus. Sendo filho do seu tempo e desde sua realidade, ele utilizou todos os meios de sua época para chegar a novas pessoas, novos lugares, pensamentos, culturas, idiomas. Traduziu catecismos, pediu ajuda de amigos para falar línguas novas, atravessou mares de navio para chegar até a ilha mais afastada, escrevia cartas, batizava multidões e tudo com um só objetivo: anunciar a pessoa que transformou a sua própria vida, Jesus.

 

Será que se ele tivesse vivido em nosso tempo, ele não seria um grande influencer digital? Ele não aprenderia as novas formas de expressão para chegar a mais pessoas? Não teria milhares de seguidores e um canal de destaque nas redes sociais? Não é esse espaço nossa terra atual de missão? Seria um rosto popular? Qual seria a sua intenção? Qual a sua verdadeira ambição?

 

Sem dúvida, anunciar uma mensagem de amor que alcança a todos os seres humanos, desfazendo as fronteiras, quebrando as ideologias, construindo o diálogo, promovendo a justiça e dando conforto ao coração. Uma mensagem que incentivaria o cuidado com a Casa Comum, tornando-nos mais irmãos e evidenciando que o Reino de Deus, que também é nosso, vale todo o cansaço, fadiga e entrega para ser anunciado.

 

Que o grande influencer do Oriente nos conceda a graça de anunciar um Deus vivo no meio de nós, tão atual e cativante que nos fortalece no diálogo e na tolerância, capaz de se comunicar utilizando todos os meios, sem invadir, sem limitar, libertando-nos e levando-nos a ser a melhor versão de nós mesmos. Um Deus sempre on-line!

 

Por Fernando Damián Cruz López

Agente de Pastoral – Colégio São Francisco Xavier – SP (integrante da Rede Jesuíta de Educação)

Nossa Senhora das Graças, rogai por nós!

 

O anjo Gabriel saudou a Maria: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1, 26-38). A ela foi dada a maior benção de todas, ser a mãe do filho de Deus, Jesus. A essa missão que lhe foi confiada, a jovem disse sim, e, ao aceitar o Verbo Divino em seu ventre, Maria aceita a humanidade também, torna-se mãe de todos nós e se compadece da cruz que cada homem e mulher carrega.

 

É no colo dessa mãe que encontramos consolo, é o seu olhar piedoso que nos acompanha em nossas lutas diárias e é em seu sagrado coração que encontramos a paz.

 

No dia 27 de novembro, celebra-se o dia de Nossa Senhora das Graças, uma manifestação da Santíssima Virgem na França, em 1830, à Santa Catarina Labouré, quando ainda era uma noviça.

 

Nesta aparição, Maria oferece à humanidade o seu dom de acolher os pedidos dos necessitados e alcançar a graça de atendê-los, através da sua interseção junto a Deus Pai. “Oh, Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”, assim ela nos pede para a ela nos dirigirmos nos momentos em que precisarmos de sua mão para prosseguir a caminhada, de seu colo para o descanso da dor, de seu olhar piedoso para as nossas fraquezas e de seu coração amantíssimo para restaurar em nós o amor a Deus.

 

“Maria passa na frente,
Pisa na cabeça da serpente,
Intercede junto a Jesus,
Que a Cruz Sagrada seja a minha luz”.
(Padre Marcelo Rossi)

 

Não por acaso, Maria pediu a Santa Catarina que assim fosse retratada em sua medalha: De um lado, suas mãos estendidas espalhando suas bençãos sobre o mundo e seus delicados pés esmagando a cabeça da serpente do mal, do outro, a cruz acompanhada de Seu Sagrado Coração e do Coração de Jesus. Nesta simbologia, está o seu propósito, proteger-nos do mal, relembrar-nos da graça de termos nosso pecado original perdoado pelo sacrifício de Jesus e nos dar a benção de, através da fé, alcançarmos a graça de Deus.

 

Neste momento em que vivemos, quando a humanidade encontra-se em busca de soluções para um mundo repartido, assolado pela dor de uma pandemia e de tantas perdas, Nossa Senhora das Graças, rogai por nós e nos console!

 

“Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim, minha mãe, junto a Jesus”
(Roberto Carlos)

 

Que essa devoção a Nossa Senhora das Graças, que sempre nos oportuniza seguir mais de perto o nosso Senhor e Salvador, nos ajude a seguir adiante no propósito de testemunhar os valores da fé cristã neste mundo, que tanto carece do cuidado divino, o qual foi tão bem demonstrado na figura materna de Maria, mãe de Jesus e nossa!

 

Por Magali Machado Silva Jobim

Professora

O Vinte de Novembro de Cada Dia

 

O 20 de novembro, mais uma vez, trouxe consigo a oportunidade de (re)pensarmos o nosso país e sua permanente construção. Momento para lembrar da importância de refletir sobre os lugares do negro na sociedade brasileira, também construída por gerações de afro-brasileiros desde a colonização portuguesa que, marcada pela escravidão, impôs violência, dor e diversas formas de preconceito ainda presentes nas relações étnico raciais no Brasil.

 

A data foi estabelecida no Calendário Escolar Nacional pelo projeto Lei n.º 10.639 apresentado ao plenário da Câmara no dia 9 de janeiro de 2003 e aprovado em sessão conjunta com o Senado em 17 de abril de 2008, alterando assim a LDB. No entanto, o 20 de novembro como “Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra” foi estabelecido no Calendário Nacional Brasileiro com a sanção da Lei 12.519 em 10 de novembro de 2011.

 

A escolha do dia da morte de Zumbi, um dos líderes do Quilombo dos Palmares, como marco simbólico teve início em 1978 por ação dos integrantes do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNU), em um congresso realizado na cidade de São Paulo. Zumbi, desta forma, era eleito como um herói e símbolo dos negros no Brasil, bem como da luta contra a discriminação racial e por direitos reivindicados pela população afro-brasileira contemporânea.

 

A Consciência Negra é uma expressão que designa a percepção histórica e cultural que os negros têm de si mesmos. Também representa a luta dos negros contra a discriminação racial e a desigualdade social decorrente de um sistema escravagista que culturalmente promoveu a desumanização dos negros por quase quatro séculos. Sendo assim, a sociedade brasileira naturalizou um vasto elenco de afirmações que valorizam a branquitude e depreciam a negritude.

 

Por mais que tenham ocorrido mudanças na legislação brasileira que visam à diminuição das desigualdades raciais, a falta de oportunidades para a população negra, o racismo cotidiano e as tentativas de apagamento de cultura africana evidenciam que ainda há muito a ser feito. É disso que trata o Dia da Consciência Negra! Ao relembrar a luta dos africanos escravizados no passado, ele reforça a importância da continuidade das ações a favor da promoção de relações étnico-raciais mais justas e solidárias para a construção de uma sociedade sem racismos e preconceitos.

 

Inúmeras pesquisas acadêmicas e governamentais sobre o tema têm sido realizadas nos últimos anos, e alguns indicativos podem nos ajudar a entender o problema da desigualdade racial no Brasil. Segundo pesquisa realizada pelo Poder Legislativo Federal, no último pleito eleitoral em 2018, somente 4% dos políticos eleitos para o Parlamento autodeclaram-se negros. A pesquisa indicou que, entre deputados distritais, estaduais, federais e senadores, somente 65 dos 1626 eleitos declaravam-se negros, revelando a pequena representatividade política da população afro-brasileira nos legislativos estaduais e nacional.

 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC) 2018 do IBGE aponta que cerca de 55,8% da população autodeclara-se preta ou parda, mas, apesar de serem a maioria da população, a renda dos brancos é 74% maior que a dos negros. Os negros são maioria entre os mais pobres, 75%, e são a maioria na população carcerária. A pesquisa também demostra que no mercado de trabalho a renda média dos negros é aproximadamente R$ 1.500, a renda média dos brancos é de aproximadamente R$ 2.800 reais. O desemprego também aflige mais à população negra, que totaliza mais de 60% dos desempregados.

 

Adalmir Leonídio, coordenador do Observatório da Criminalização da Pobreza e dos Movimentos Sociais da USP, aponta para o fato de que os negros são mais condenados que os brancos quando são processados por posse de drogas. Entretanto, paradoxalmente, eles são apreendidos com doses menores de substâncias ilícitas em relação a condenados brancos. Não só a justiça demonstra ser mais rigorosa contra os negros, mas a polícia também, uma vez que 76% dos mortos pela polícia são negros. O racismo está impregnado na nossa cultura e se manifesta também no vocabulário por meio de expressões como “a cor do pecado”, “denegrir”, “mulato”, “cabelo ruim”, entre outras tantas.

 

Identificar e dialogar sobre os problemas que são geradores e decorrentes das desigualdades raciais no Brasil abriu caminho para a formulação e execução de políticas afirmativas de inclusão socioeconômica e de combate aos preconceitos. Um exemplo disso foi a lei que estabelece as cotas raciais para a entrada de estudantes nas universidades públicas e a lei que criminaliza as práticas racistas. Contudo ainda há muito por fazer. A presença pioneira do 20 de novembro no calendário escolar e, posteriormente, no calendário nacional contribui para manter viva a história das lutas e conquistas do povo negro, assim como nos impõe a necessária reflexão sobre as violências, exclusões e discriminações ainda praticadas contra a população afro-brasileira.

 

Fontes:
Lei 10.639 – https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei-10639-9-janeiro-2003-493157-publicacaooriginal-1-pl.html
Lei 12.519 – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12519.htm
PNAD https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios.html?=&t=o-que-e
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/11/brancos-tem-renda-74-superior-a-de-pretos-e-pardos-diz-ibge.shtml
LEONÍDIO, Adalmir. Apontamentos para a compreensão do conservadorismo jurídico-penal no Brasil. Brasília, 2018, p. 427.

 

Por Pedro Gabriel Pereira

Professor

Especialista em História e Cultura Africana e Afro-brasileira

Espaço Imaculada: Novo edifício do Colégio dos Jesuítas é inaugurado

 

O Espaço Imaculada, novo prédio do Colégio dos Jesuítas, foi inaugurado no dia 20 de novembro. O edifício será o ambiente de aprendizado dos estudantes do Maternal III ao 2º ano do Ensino Fundamental. Com espaços inovadores, que revolucionam o conceito de sala de aula e junto a uma área de Mata Atlântica bem no Centro de Juiz de Fora, a construção representa o compromisso do Colégio dos Jesuítas de renovar-se para manter a sua tradição de excelência acadêmica.

 

Diversas autoridades participaram presencialmente da solenidade de inauguração, que seguiu os devidos protocolos de biossegurança. Entre os representantes da Companhia de Jesus no Brasil, estiveram presentes o Provincial dos Jesuítas no Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ, e o Secretário para Educação dos Jesuítas no Brasil e reitor nomeado da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, SJ. O Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, também esteve presente. O evento contou, ainda, com a presença da Equipe Diretiva e colaboradores do Colégio dos Jesuítas; além da Prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, e da Secretária Municipal de Educação, Nádia Ribas, entre outros convidados.

 

Em seu discurso, o Diretor Geral do Colégio dos Jesuítas, Professor Edelves Rosa Luna, expressou sua gratidão à Companhia de Jesus, na pessoa do Pe. Smyda, SJ, por presentear Juiz de Fora e região com o Espaço Imaculada. O Diretor Geral destacou a dedicação de todos que trabalham no Colégio: “É assim, com dedicação diária à excelência formativa, que o Colégio dos Jesuítas acolhe diariamente às crianças e aos jovens que a nós foram confiados; dedicação para buscar o nosso Magis; dedicação para a boa formação nos números e nas letras; mas, sobretudo, dedicação na construção do caráter, de um espírito de coletividade republicana que promova o crescimento pessoal e o crescimento do nosso país.”

 

A Prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, afirmou que o Colégio dos Jesuítas é uma “potência educacional na nossa cidade e região” e destacou o papel dos jesuítas na proteção das populações nativas, como quando da proibição da educação bilíngue em português e tupi no século XVIII: “Como o Marquês de Pombal proibiu que se fizesse a educação bilíngue, os jesuítas, que corajosamente enfrentaram essa posição, foram expulsos do Brasil em 1759 e retornaram depois para continuar sua importante missão educacional.”

 

Em sua fala, o Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, SJ, destacou que à medida que as crianças conviverem no novo prédio, compreenderão que os locais habitados por nós devem estar integrados à natureza e serem sustentáveis. “Nesse sentido, esse prédio dialoga com o Pacto Educativo Global, que o Papa Francisco propôs, com a (encíclica papal) Laudato si’ e, também, com o nosso Projeto Educativo Comum”, afirmou o Secretário para Educação dos Jesuítas no Brasil e reitor nomeado da Unisinos.

 

Na avaliação do Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, o Espaço Imaculada representa algo “inestimável”, o cuidado com a criança: “É algo que vem de Deus e representa a maior atividade da humanidade hoje. As crianças de hoje são os adultos de amanhã. E, se nós erramos na educação das crianças, se nos descuidamos de qualquer aspecto, nós comprometemos o futuro.”

 

Por fim, o Provincial dos Jesuítas no Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ, afirmou que o Espaço Imaculada é um “sinal” para toda a Rede Jesuíta de Educação: “Porque queremos ir em direção da integração daquilo que o nosso Papa nos interpela e o próprio mundo nos interpela: integração com a Casa Comum, que é o mundo que Deus nos deu. Não podemos o destruir, mas integrar, harmonizar. Para nos tornarmos cidadãos como irmãos neste mesmo mundo.” Em sua fala, Pe. Smyda, SJ, também destacou o Imaculada como um instrumento para a realização do Projeto Educativo Comum (PEC) da Rede Jesuíta de Educação, atualizado neste ano e que norteará as ações pedagógicas até 2025.

 

Fachada com tecnologia nova no Brasil  

O projeto arquitetônico do Imaculada foi planejado de forma a garantir a presença de áreas de convivência entre as pessoas. Um parquinho foi montado no terraço, já que o brincar é considerado elemento importante para a aprendizagem, de acordo com a Proposta Pedagógica do Espaço.

 

No lugar das salas de aula, foram construídos verdadeiros espaços de aprendizagem. Esses ambientes flexíveis são amplos e arejados por grandes janelas e comunicam-se por meio de transparências, criando uma relação de pertencimento com todo o espaço. O Imaculada contará, ainda, com mecanismos avançados de segurança, como sistema de alarme automático, videomonitoramento, aparato anti-incêndio e sistema de controle de acesso ao edifício.

 

Os brises-soleils da fachada foram produzidos em UHPC, Concreto de Ultra Alta Performance, um material que apresenta resistência maior que o concreto comum. O Espaço Imaculada é um dos poucos edifícios do Brasil a contar com brises neste tipo de material, que possibilita a criação de peças gigantes e com aberturas.

 

O restante da fachada foi montado em peças coloridas de Light Steel Frame, produto em aço galvanizado que oferece isolamento acústico e térmico ao interior da construção. Esta tecnologia também é autolimpante, a água da chuva é o suficiente para fazer a limpeza.

 

O projeto conta com alto grau de industrialização. Partes do edifício foram produzidas externamente em fábricas especializadas e, posteriormente, montadas em Juiz de Fora. Desta forma, foi possível realizar uma obra complexa em um período de sete meses, aproximadamente.

 

Assista ao vídeo abaixo e confira um pouco mais da solenidade:

 

 

Confira algumas imagens da solenidade:

O Dia da Consciência Negra

 

No sábado foi celebrado o Dia da Consciência Negra. O 20 de novembro foi a data escolhida por ser o dia em que Zumbi, último líder do Quilombo dos Palmares, foi assassinado no ano de 1695.

 

Convido você a fazer uma viagem pelo tempo. Brasil, século XVII. A escravidão de africanos e afrodescendentes era permitida pelos governantes. Neste contexto, os quilombos eram lugares de refúgio para os escravizados. O mais importante de todos ficava na região da Serra da Barriga, na então capitania de Pernambuco. Era o Quilombo dos Palmares, área hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas.

 

O Quilombo dos Palmares conseguiu se contrapor por, aproximadamente, um século, às investidas de colonizadores europeus e seus representantes, tornando-se um símbolo da resistência dos escravizados. Um dos líderes de Palmares foi Zumbi, que era brasileiro e nasceu liberto, mas foi escravizado na infância e conseguiu fugir na juventude.

 

Assim, as figuras de Zumbi e do Quilombo dos Palmares foram resgatadas por integrantes do movimento negro. A ideia da celebração no dia 20 de novembro foi impulsionada por um grupo de jovens negros que se reuniam em Porto Alegre na década de 1970.

 

A data entrou para o currículo escolar no ano de 2003. Em 2011 foi criado oficialmente o Dia de Zumbi e da Consciência Negra, instituído pela Lei Nº 12.519, de 10 de novembro de 2011.

 

Atualmente, o Dia da Consciência Negra é feriado em cinco estados e mais de mil municípios. Um projeto de lei aprovado no Senado Federal em agosto de 2021 (PLS 482/2017) determina a criação do feriado nacional do Dia de Zumbi e da Consciência Negra. A proposta ainda precisa passar por votação no plenário da Câmara dos Deputados.

 

Esta é uma data que deve ser celebrada e, também, servir como um momento de reflexão para a luta antirracista. A escravidão foi abolida em 1888, mas, ainda hoje, o país e a população negra sofrem com os efeitos de séculos de problemas na estrutura da sociedade.

 

Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado em 2019, aponta que pretos ou pardos representavam 64,2% da população desocupada no Brasil. Os números também apontam a falta de igualdade na representação política: apenas 27,3% das pessoas eleitas para os cargos de deputados distritais, estaduais, federais e senador eram negras. No mesmo ano, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) mostrou que a população negra correspondia a 56% do total de brasileiros.

 

Existem outras situações em que esses problemas estruturais se mostram presentes. Por isso, a importância de uma data como o Dia da Consciência Negra, para podermos discutir o papel do negro na sociedade e lutarmos contra a desigualdade e o preconceito.

 

Referências:

https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/11/dia-da-consciencia-negra-50-anos-liberdade-conquistada-nao-concedida

 

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/08/23/aprovado-feriado-nacional-pelo-dia-de-zumbi-e-da-consciencia-negra

 

https://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/zumbi_19.htm

 

https://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/zumbi_1.htm

 

Por Igor Santos

Assistente de Comunicação

Estudantes do Colégio dos Jesuítas estão na final da Olimpíada Brasileira de Geografia e de Ciências da Terra

Os estudantes Artur Dutra Pena e Yasmim de Souza Spíndola fazem parte da equipe, integrada também pela estudante Laís Rodrigues de Souza Ferreira (Foto: Rodrigo Tagliate).

Três estudantes do Colégio dos Jesuítas são finalistas da Olimpíada Brasileira Geo-Brasil (OGB), competição que engloba a Olimpíada Brasileira de Geografia a Olimpíada Brasileira de Ciências da Terra. Os jovens Artur Dutra Pena, Laís Rodrigues de Souza Ferreira e Yasmim de Souza Spíndola, da 2ª série do Ensino Médio, aguardam o resultado final da Olimpíada, previsto para ser divulgado em 30 de novembro. Outras duas equipes mineiras, uma de Belo Horizonte e outra de Conselheiro Lafaiete, participam da concorrência nacional.

 

Para a fase final, os participantes precisam fazer uma prova e elaborar um projeto interdisciplinar inédito, para a resolução de um problema socioeconômico ou sociocultural, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como forma de erradicar a pobreza.

 

A equipe de estudantes do Colégio dos Jesuítas propôs a criação de uma rede comunitária de monitoramento de rios da Zona da Mata, como forma de remediar os danos causados por enchentes. Por meio de um aplicativo, populações que vivem próximas às margens dos rios receberiam informações sobre as condições climáticas e, assim, poderiam se precaver em caso de possibilidade de inundação.

 

“Estamos buscando realizar o melhor de cada um”, afirma a estudante Laís Rodrigues de Souza Ferreira, integrante da equipe finalista (Foto: Arquivo Pessoal).

“Estamos buscando realizar o melhor de cada um, com o objetivo de concluir o projeto para que ele possa fazer a diferença em nossa sociedade”, afirma a estudante Laís Ferreira. Além disso, os participantes precisaram, ainda, gravar um vídeo explicativo sobre o trabalho, com duração máxima de 1 minuto, para ser postado nas redes sociais.

 

Durante todo o processo, os jovens tiveram o apoio do professor de Geografia Henrique Lage Chaves. Esta é a terceira vez que o professor participa da OGB pelo Colégio dos Jesuítas. O resultado é motivo de satisfação. “É uma surpresa, mas que também não surge do nada. É o resultado de um trabalho que envolve toda a equipe das ciências humanas, as assessorias de aprendizagem, a orientação pedagógica e o assessor de área. E, sem dúvida nenhuma, o brilhantismo dos alunos”, avalia.

 

“Qualquer dúvida, qualquer questão que a gente tivesse durante a prova, a gente podia enviar para o professor, que ele dava todo o suporte e ajudava nas pesquisas. O bom é que ele não dava as respostas, ele ajudava a gente a procurar as respostas”, conta o estudante Artur Pena.

 

O professor de Geografia Henrique Lage Chaves tinha reuniões semanais com os estudantes (Foto: Rodrigo Tagliate).

 

Durante todo o trabalho de preparação e na passagem pelas etapas da Olimpíada, os estudantes e o professor trabalharam a distância. Artur é de Manhuaçu, Laís é de Carangola e Yasmim é de Cataguases.  Na avaliação do professor Henrique Chaves, o grupo conseguiu “vencer a dificuldade de participar de uma olimpíada a distância”.

 

Já para Yasmim Spíndola, participar da OGB foi também uma oportunidade de se aproximar dos colegas. A jovem é recém-chegada ao Colégio e esteve presencialmente pela primeira vez na instituição somente após o retorno presencial das aulas em Juiz de Fora, realizado em outubro. “A cada etapa a gente evoluía mais, aprendia mais e se aproximava mais, criava uma amizade. Como eu sou novata, e a conexão entre as pessoas é reduzida nesse período, passar pela Olimpíada de Geografia me auxiliou a criar conexões e até ajudou a deixar a pandemia mais fácil”, acredita a estudante.

 

Participar da Olimpíada foi um desafio intelectual para os adolescentes, que tiveram contato com novos conhecimentos, complementares aos adquiridos em sala de aula, e pretendem se candidatar novamente em 2022. A Yasmim gostou tanto da experiência que até se inscreveu para outra competição, a Olimpíada Brasileira de Biologia Sintética. “Muitas pessoas nem pensam em fazer olimpíadas, talvez vejam como uma perda de tempo. E eu acho que é uma oportunidade muito boa, não só para conseguir uma medalha, mas também para aumentar os seus conhecimentos e, talvez, você acabe se apaixonando por olimpíadas e participe mais e mais”, reflete.

 

Além do trio formado por Artur, Laís e Yasmim, outros estudantes do Colégio dos Jesuítas participaram da OBG e foram medalhistas. Os grupos tinham reuniões semanais com o professor Henrique Chaves. Os professores de Geografia André Luis Sguissato Rocha e Rosiane Calzavara também participaram do processo.

 

Antes da fase nacional, houve três fases estaduais disputadas entre os meses de agosto e setembro. Já a fase nacional foi realizada entre outubro e novembro. Todas as fases aconteceram de forma on-line.

Edgar Morin: O Centenário do Filósofo da Complexidade

 

Em 08/07/1921, nascia em Paris, filho de um casal de judeus espanhóis, Edgar Nahoum, mais tarde Edgar Morin, que viria a se tornar um dos principais pensadores contemporâneos. Formado em Direito, Geografia e História e trabalhando com as áreas de Antropologia, Filosofia e Sociologia, Morin é autor de dezenas de livros, entre os quais se destacam obras como O método, Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência, Os sete saberes fundamentais para a educação do futuro, É hora de mudarmos de via: As lições do coronavírus e Lições de um século de vida.

 

Ao longo do século XX, Morin presenciou e (ou) participou de acontecimentos que abalaram a França e o mundo. Ainda muito jovem, assistiu à escalada do fascismo na Europa e à eclosão da Segunda Guerra Mundial, tendo participado ativamente da resistência francesa à ocupação nazista. Nesse período, adotou o codinome Morin, que viria a se tornar permanente. Mais tarde, vivenciou a grande crise intelectual dos anos 1956-1958 sendo um dos primeiros intelectuais a se opor ao stalinismo. Além disso, participou do movimento contra a guerra da Argélia e pela independência daquele país e analisou os acontecimentos e os desdobramentos culturais das revoltas de maio de 1968, sempre com uma postura atenta e reflexiva. Em 1997, convidado pelo então ministro da educação francesa, Claude Allègre, a presidir um conselho científico que faria sugestões para mudanças no ensino de segundo grau, Morin idealizou e dirigiu as jornadas temáticas, apresentadas na obra A religação dos saberes, cuja proposta fundamental é a realização, no ambiente educacional, de um processo de regeneração humanista fundamentado nos princípios da complexidade e transdisciplinaridade.

 

Membro emérito do Centre National de La Recherche Scientifique (CNRS), o maior órgão público de pesquisa científica da França e um dos maiores do mundo, Morin continua hoje, aos 100 anos, uma vida de intensa produção intelectual e divulgação de inovadoras ideias, entre elas a da necessidade, nas escolas e universidades, de um curso de conhecimento sobre o próprio conhecimento. Em sua vasta obra, destaca-se a centralidade da temática da complexidade, que aparece em vários de seus escritos. Para ele, somente uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar dos saberes pode proporcionar o adequado entendimento das características da sociedade contemporânea, visto que um ensino baseado em conhecimentos fragmentados e compartimentados não é capaz de gerar a compreensão e, portanto, a capacidade de intervenção consciente em uma realidade marcada por problemas cada vez mais amplos, complexos e inter-relacionados.

 

Nesse sentido, Morin alerta para uma importante questão contemporânea, que é a crise ecológica gerada pela dissociação entre natureza e cultura, entre ser humano e ambiente. Tal crise manifesta-se, entre outros desdobramentos, nas catastróficas consequências do aquecimento global e na emergência de grandes epidemias. Assim, embora se declare surpreendido pelo surgimento da covid-19, Morin retira dela diversas lições. Para ele, a pandemia e seus desdobramentos políticos, econômicos, sociais, ecológicos, nacionais e planetários mostram a necessidade de um projeto de preservação do planeta e humanização da sociedade, que permita a erradicação de duas barbáries contemporâneas, tanto aquela explicitada nas desigualdades, nos racismos e nas xenofobias como a gélida barbárie caracterizada pela exacerbação do individualismo e da indiferença.

 

Assim, cabe reiterar aqui a lição fundamental de Morin: para compreender e intervir de forma consequente na complexa realidade contemporânea, é essencial religar os saberes promovendo o reencontro entre as ciências da natureza e as ciências da cultura. Elogiado pelo papa Francisco por sua dedicação em favor de uma política de civilização por um mundo melhor, Morin está aí, centenário e lúcido, nesses tempos de incertezas e perplexidades em que a sensibilidade, a lucidez, a reflexão complexa e o humanismo presentes em sua obra constituem qualidades mais do que necessárias, imprescindíveis, principalmente no mundo da educação.

 

Por Wanderluce Gonçalves de Paula Gomes

Professor 

Pe. José Laércio de Lima, SJ, é nomeado Superior do Núcleo Apostólico do Rio, Nova Friburgo e Juiz de Fora

 

O Secretário para a Colaboração, Fé e Espiritualidade, Pe. José Laércio de Lima, SJ, foi nomeado Superior da Comunidade Santo Inácio e Coordenador do Núcleo Apostólico do Rio de Janeiro, Nova Friburgo e Juiz de Fora. O ato da nomeação foi realizado neste domingo (24), em missa celebrada na Igreja Santo Inácio de Loyola no Rio de Janeiro.

 

A missa foi presidida pelo Provincial dos Jesuítas no Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ. Como concelebrantes estavam presentes o Pe. Luiz Antonio Monnerat, SJ, Diretor Geral do Colégio Anchieta de Nova Friburgo e anterior Superior do Núcleo, além do Pe. José Laércio, SJ.

 

“O Superior e Coordenador do Núcleo tem como função estar discernindo juntamente com os diretores de obras e os inacianos, movimentando estes trabalhos na direção em que o Espírito de Deus impulsiona”, salientou o Pe. Smyda, SJ.

 

O Sócio do Provincial, Pe. Elcio José Toledo, SJ, foi encarregado de proferir a carta de nomeação emanada pelo Provincial. Já o Pe. Luiz Antonio Monnerat, SJ, leu a carta do Superior Geral dos Jesuítas, Pe. Arturo Sosa, SJ.

 

Que a nova missão seja para maior glória de Deus.

 

Assista à missa completa.

Voluntariado: uma resposta à pergunta, para que eu sirvo?

 

Faço um convite para o olhar que nos pede o cuidado. Cuidado para percebermos a beleza da resposta que podemos dar à pergunta: para que eu sirvo? Saber o nosso lugar no mundo é de extrema importância, já que somos, por excelência, buscadores de sentido para a nossa breve peregrinação, se comparada ao tempo de vida dessa casa comum. Uma resposta qualificada demanda de nós a tomada de consciência do eu, daqueles que, por uma razão transcendente, têm a oportunidade de ser contemporâneos da nossa existência, dos que foram cuidadores desse mundo e do futuro que nos habita em sonhos. Diante disso, uma reflexão: que mundo queremos criar, enquanto não descansamos? Eis uma eleição pertinente para uma vida significativa.

 

Frequentemente temos oportunidades de olhar para o lado e vermos alguém carente do nosso serviço. Uns mais que outros. Todavia, muitas vezes negligenciamos o servir, pois o “trabalho nos chama”, “o tempo urge” e, até mesmo, “o tempo é dinheiro”. O grito dos que sofrem ao nosso lado é escutado, porém, nem sempre ouvido. Vemos o outro na superficialidade condicionada por nosso cotidiano atarefado. A lógica da vida, orientada pelo consumismo, não raras vezes nos transforma em um ter humano e, assim, abandonamos a nossa morada de ser, ser humano. Por conseguinte, os invisíveis permanecem invisíveis, os excluídos permanecem excluídos, os “descartados” permanecem nas periferias. Será que, neste caso, o distanciamento tenha se tornado um subterfúgio para não sermos contaminados pelas mazelas do mundo (A Lepra Humana – Lv 13; Os dez leprosos – Lc 17, 11-19)?

 

Na percepção de um mundo ferido, propomos, aos olhos de Cristo, o aprofundamento do cuidado com aqueles que carecem, cada vez mais, de compaixão e de cura (Ensino e curas pela Galileia – Mt 4, 23). A cura para os males: “Chamando os doze, Jesus deu-lhes poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doenças e enfermidades” (Mt 10, 1). Doar tempo é doar vida, é doar de coração os nossos dons, aquilo que temos de mais precioso em favor daqueles que nada podem pagar (A oferta da viúva – Lc 21, 1-4). Essa oferta de amor é uma proposta que nos compromete com a criação de um mundo novo. Aceitemos o convite para um “Caminhar com os pobres, os descartados pelo mundo, os vulnerados em sua dignidade, numa missão de reconciliação e justiça” (Segunda Preferência Apostólica Universal – Companhia de Jesus).

 

Porém, ninguém pode ser forçado a fazer o bem, ninguém pode ser obrigado a curar as feridas daqueles que estão à beira do caminho (O bom samaritano – Lc 10, 25-37). É imprescindível respeitar a humana liberdade interior para dispor-se a uma jornada, seja ela qual for. (O filho pródigo – Lc 15, 11-32). O serviço deve ser fruto da vontade ao seguimento do Senhor (O jovem rico – Mt 19, 16-30).

 

De origem latina, traduzimos o termo vontade como disposição proveniente da liberdade interior para o serviço ao outro e aos seres vulnerabilizados por realidades injustas. Daí surge o voluntariado. Ele pode ser motivado por uma filosofia de vida, por uma religião, por valores humanitários, por uma proposição moral, mas procede, impreterivelmente, do querer mais íntimo. Aos que carecem de respostas àquela pergunta: “para que eu sirvo?”, o voluntariado irrompe as fronteiras do egoísmo, do individualismo e, principalmente, da “universalização da indiferença” (Papa Francisco) e nos lança diante dos pequenos do nosso mundo.

 

No dia 05 de dezembro, celebramos o Dia Internacional do Voluntariado, uma oportunidade para escutarmos o grito dos que clamam e nos dispormos para a construção de uma “terra sem males” (Campanha da Fraternidade – 2002). Um dia para o despertar da caridade humana e encontrar formas criativas para alimentar os famintos, saciar os sedentos, acolher os estrangeiros, agasalhar os desamparados, cuidar dos enfermos, visitar os cativos (Mt 25, 31-46) e curar a terra ferida que clama por cuidado (Laudato Si, 2). “O próximo sem fronteiras” (Fratelli Tutti, 80-83) revela o rosto sofrido de Deus que impulsiona o coração solidário ao voluntariado. Este, por sua vez, leva a esperança e recebe e colhe o fruto da missão, a saber, alegria de ver o outro sorrir novamente. Ser voluntário, portanto, é doar a própria vida na medida certa para reacender a vida que tenta viver. O tema do Ano Inaciano, “Ver novas todas as coisas em Cristo”, nos convida ao olhar de esperança no intuito de construir uma “cidadania global” para responder aos apelos do mundo com a ação contemplativa, que foi tão bem recomendada por S. Inácio de Loyola.

 

Por Angelo Márcio de Oliveira Reis

Agente da Formação Cristã