Vamos falar de Suicídio? Precisamos conhecer para conseguirmos prevenir

 

Já há alguns anos, diversas entidades relacionadas ao cuidado com a Saúde Mental se dedicam ao Setembro Amarelo: campanha de prevenção ao suicídio. O tema merece a atenção de todos nós, uma vez que, em seu entorno, ainda são depositados muitos mitos, alguns relacionados ao fato de o suicídio ser um tabu – algo silenciado na sociedade. É de fato algo complexo que necessita esclarecimento!

 

Por essa razão, ao longo de todo o mês, são realizadas diversas ações com objetivo de dar visibilidade à prevenção do suicídio, organizando uma educação sobre o tema por meio de palestras e publicações nas diversas redes sociais, promovidas por especialistas e órgãos relacionados à saúde; como também sinalizações em amarelo colocadas em edifícios públicos para dar destaque à campanha. Esta cor é utilizada como referência à luz, lembrando que é necessário iluminarmos o tema, esclarecendo as dúvidas e tornando compreensível essa delicada questão. Dessa forma, a sociedade pode desconstruir os tabus e superar o estigma.

 

As estatísticas alertam sobre os impactos do suicídio e indicam que não somente os profissionais podem atuar no acolhimento. Daí o lema deste ano: “Agir salva vidas”. Nesse sentido, a conscientização se faz necessária, pois ainda são comuns posturas inadequadas, tais como: associar o pedido de ajuda de alguém que está sofrendo por desesperança com a “necessidade de chamar atenção”; ou julgamentos do tipo “tanta gente passando por problemas sérios e você pensando nessa besteira” ou “você tem tantas coisas, seja grato”. O acolhimento e a ajuda necessários precisam caminhar em outra direção!

 

Diversos estudos da área indicam que a prevenção é possível, orientando as pessoas sobre quais são os recursos existentes. Para que isso aconteça, é preciso identificar os fatores de risco, ação que envolve uma “escuta” atenta, ou seja, a observação das palavras ditas por aqueles que nos cercam e também algumas atitudes. Vale lembrar que, considerando o conjunto dos comportamentos autodestrutivos, a tentativa de suicídio é como uma ponta de iceberg. Portanto, precisamos conhecer outros tantos sinais que servirão de alerta. Fique atento às seguintes situações: tristeza constante e isolamento, alterações no apetite e sono, apatia ou irritabilidade, choro e sentimento de culpa ou solidão, mudanças bruscas da rotina ou do desempenho na escola/faculdade/trabalho. Caso você conheça alguém que esteja apresentando esses sinais, tente escutá-lo, sem julgamentos, incentivando sua percepção de que ele não está sozinho, e, que é possível buscar ajuda.

 

Nos últimos anos, o medo de falar sobre o assunto tem sido vencido com informações sobre as causas e os fatores que envolvem tais acontecimentos. O suicídio é um problema de saúde pública, e é preciso falar para que a sociedade seja informada. Estima-se que 17% da população brasileira já pensou em suicídio, e, para que esses pensamentos não se tornem realidade, as informações precisam ser compartilhadas ampliando o apoio daqueles que possam vir a necessitar. Os impactos do suicídio são amplos e complexos, uma vez que calculamos que, a cada vida perdida, outras seis ficam comprometidas. Portanto, fiquemos atentos àqueles que estão à nossa volta e façamos a pergunta: “em que eu posso ajudar?”

 

Uma opção para o auxílio respeitoso é o CVV – Centro de Valorização da Vida. A entidade mantém um serviço voluntário de escuta sigilosa que pode ser realizada por meio de uma ligação telefônica (ligue 188), além de atendimento via chat pelo site. Para maiores informações, acesse os links abaixo.

 

CVV: https://www.cvv.org.br/

 

Campanha Setembro Amarelo 2021: https://www.setembroamarelo.com/

 

Cartilha Suicídio: saber agir e prevenir (Produzida pelo Ministério da Saúde e disponível no site do CVV, na aba Conheça Mais): https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf

 

Referências:
BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Dossiê Suicídio. Revista de Psicologia da USP, vol 25, número 3, Set-Dez 2014.

 

Por Raphaela Souza dos Santos

Agente de Formação Cristã

Momento de reflexão sobre si mesmo e o mundo: Projeto Compañeros com inscrições abertas

 

Estão abertas as inscrições para a edição 2021 do Projeto Compañeros, direcionadas aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio. Os interessados podem confirmar a participação por meio da Plataforma Moodle, entre esta quinta (9) e segunda-feira (13), às 10h30. A realização das primeiras atividades está prevista já para terça-feira (14). Nesta edição, o tema é o mesmo do Ano Inaciano 2021-2022, “Ver novas todas as coisas em Cristo”.

 

No Compañeros, os estudantes são estimulados a lançarem um olhar esperançoso e comprometido com a vida, com a história e com o mundo, pautados na justiça e no amor fraterno. Para isso, busca-se inspiração no caminho trilhado por Santo Inácio de Loyola.

 

Serão duas etapas: na primeira, que tem início na terça (14), os jovens terão a oportunidade de retomarem o caminho de formação espiritual e de reconhecerem seus pontos de força e fragilidade. Esse momento de reflexão acontecerá de forma on-line, sempre nas terças-feiras.

 

A segunda etapa será um momento de imersão no Recanto Manresa, ainda sem data confirmada. Os estudantes poderão pensar em seus projetos de vida, tendo em vista os desafios que um cidadão do mundo precisa enfrentar. Desta forma, o lema do Ano Inaciano é um chamado para a descoberta de um novo caminho em meio aos desafios impostos pela sociedade. A data desse encontro presencial será definida de acordo com o sistema de faixas do programa municipal de enfrentamento à covid-19, “Juiz de Fora pela Vida”.

 

Neste ano o Compañeros tem uma novidade: estudantes do Colégio Anchieta de Nova Friburgo (RJ) participarão dos encontros em conjunto com os estudantes do Colégio dos Jesuítas, pela internet. O Colégio Anchieta é uma instituição irmã do Colégio dos Jesuítas na Rede Jesuíta de Educação. Os jovens do Anchieta também terão seu momento de imersão, de forma separada. Posteriormente as experiências vividas serão compartilhadas on-line.

 

A ação educativa do Compañeros é fundamentada em três momentos: tomada de consciência da história, caminhos e escolhas sobre o tempo presente; exame de consciência e discernimento tendo em vista o caminho trilhado (exercício que ajuda a reconhecer os movimentos do coração a partir dos apelos de Deus) e espaço de eleição no qual os estudantes possam ordenar o projeto de vida de modo dinâmico e processual, atentos aos apelos da contemporaneidade.

 

Em caso de dúvidas, os estudantes podem entrar em contato com o agente de Formação Cristã Marcos Antônio do Amaral, através da Plataforma TEAMS ou pelo telefone do Colégio: (32) 2101-5700, durante o período da manhã.

Semana das Profissões

O Ensino Médio é a última etapa da Educação Básica e proporciona aos estudantes um período de muitas aprendizagens, realizações, desafios e escolhas. Muitas são as expectativas criadas durante esse período, em que o autoconhecimento se faz presente. Ao alcançar a 3ª série do Ensino Médio, os estudantes deparam-se com um momento de escolha sobre o futuro e qual caminho trilhar para além dos muros da escola.

 

O Colégio dos Jesuítas, em sua proposta pedagógica, desenvolve um olhar cuidadoso aos seus estudantes e possui o compromisso com a educação integral, caracterizando, assim, um forte trabalho para que o estudante realize a construção de seu projeto de vida.

 

Buscando responder às demandas e aspirações, presentes e futuras, de acordo com o Projeto Educativo Comum (2016), a escola que acolhe a juventude precisa “responder aos desafios de cada tempo, de forma crítica, consciente e efetiva, empreendendo caminhos com coragem para inovar e renovar”.

 

O acompanhamento ao estudante, realizado pelos Orientadores de Aprendizagem, busca atender às necessidades dos educandos, de modo a estabelecer vínculo de confiança e a ajudar na promoção do amadurecimento, trabalhando habilidades e competências e buscando desenvolver nos estudantes as dimensões: cognitiva, socioemocional e espiritual-religiosa. O acompanhamento acadêmico permanente e personalizado, é vivenciado junto a uma prática que permite mapear dificuldades e problemas, dar suporte e planejar ações preventivas e efetivas a cada estudante.

 

Diante da realização das avaliações externas, os estudantes deparam-se com os mais diversos processos seletivos, em que o exercício do ensino e da aprendizagem estão intimamente relacionados, de maneira que todas as etapas são cuidadosamente trabalhadas e alinhadas juntamente com os estudantes, fornecendo apoio e discernimento na caminhada.

 

Com o objetivo de dar suporte à trajetória dos estudantes, a Semana de Profissões proporciona o contato e vivência com as mais variadas áreas, carreiras e perspectivas, de modo a estimular um processo de autoconhecimento, autoavaliação, compreensão e gerenciamento das emoções, motivando os jovens para que possam tomar decisões autônomas e seguras.

 

A tomada de decisão sobre o que fazer e como será após a conclusão da Educação Básica, é atrelada a muita ansiedade, insegurança e dúvidas. Assim, compreender os gostos, identificar seus talentos e vocações, estabelecer afinidades e expectativas, são estratégias que auxiliam o estudante a acalmar os pensamentos e orientar-se quanto às suas escolhas.

 

Diante deste contexto, foi muito importante e construtiva a vivência da Semana de Profissões, tivemos muitos retornos e relatos positivos dos estudantes e suas famílias, tornando único este momento de troca de experiências através da interação dos estudantes com os convidados do evento.

 

Por Adelisa Lempk, Giuliannna Almeida, Iata Anderson Malafaia, Lorena Silva de Oliveira, Mariana Consulmagno Fávero

Orientadores de Aprendizagem da Unidade III

Pe. Luiz Antônio Monnerat, SJ, visita o Colégio dos Jesuítas e doa imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição

 

O Superior do Núcleo Apostólico Rio de Janeiro/Juiz de Fora e Diretor Geral do Colégio Anchieta – Nova Friburgo/RJ, Padre Luiz Antônio Monnerat, SJ, visitou o Colégio dos Jesuítas nesta terça-feira (31) e fez a doação de uma imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição ao nosso Colégio. A imagem terá um local especial no Espaço Nossa Senhora Imaculada, que receberá os estudantes do Maternal III ao 2º ano do Ensino Fundamental.

 

Participaram da recepção ao Pe. Monnerat: o Diretor Geral do Colégio dos Jesuítas, Professor Edelves Rosa Luna; o Diretor Administrativo, Mauro Fortunato e o Coordenador da Formação Cristã, Marcelo Sabino.

 

 

 

 

Em sua visita, o Pe. Monnerat fez um percurso pelas instalações do Colégio e passou pela construção do Espaço Nossa Senhora Imaculada, cujas obras estão entrando na reta final.

 

Ao longo do trajeto, o Professor Edelves Rosa Luna explicou ao Pe. Monnerat, como se dará o funcionamento das atividades no novo espaço e detalhou o Plano de Ação a ser seguido até o término da construção.

 

A imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição doada pelo Pe. Monnerat vem do acervo do Colégio Anchieta – Nova Friburgo/RJ, instituição irmã do Colégio dos Jesuítas na Rede Jesuíta de Educação.

 

Confira outras imagens da visita:

 

Estudantes debatem temas de importância global em simulação da ONU e do STF

 

A Simulação das Nações Unidas no Colégio dos Jesuítas (NUJE) aconteceu entre os dias 19 e 21 de agosto. No evento, realizado à distância pela Plataforma Microsoft TEAMS, os estudantes puderam participar de debates com o formato das discussões efetuadas na Organização das Nações Unidas (ONU) e no Supremo Tribunal Federal (STF) – novidade desta edição.

 

As conferências foram centradas em temas atuais de relevância nacional e internacional, como a vacinação contra a covid-19 e a espionagem entre potências globais.

 

Os estudantes dividiram-se em três comitês: Assembleia Geral, Conselho de Segurança e Supremo Tribunal Federal. Houve ainda uma Agência de Comunicação formada por estudantes, que fez a cobertura jornalística das reuniões em formato de vídeo e texto.

 

Antes da realização da NUJE 2021, os estudantes passaram por uma Semana de Preparação com profissionais de áreas como o Direito e o Jornalismo, com o objetivo de aprimorarem suas condições para a participação no evento. Os workshops de introdução aconteceram entre os dias 9 e 13 de agosto.

 

Ao final dos trabalhos, os jovens compartilharam as suas experiências e ressaltaram o caráter de parceria existente entre os participantes.

 

Confira outros detalhes sobre a NUJE 2021 no blog do evento e na página oficial do Instagram.

Atividades físicas e cuidado em família

 

Lendo os sinais dos tempos, deparamo-nos com uma sociedade extremamente acelerada pela rotina de trabalho e estudo, causando, muitas vezes, cansaço, estresse e ansiedade. Além disso, estamos inseridos em um mundo cada vez mais conectado e inundado de inovações tecnológicas, que estão presentes em várias atividades diárias, inclusive no lazer. Diante desse contexto, o discurso, geralmente, caminha para o da falta de tempo ou do cansaço, no que diz respeito à prática de atividades físicas.

 

Voltando nosso olhar para o cuidado com nossa saúde física e mental, as atividades físicas podem proporcionar diversos benefícios que vão auxiliar desde atividades simples do cotidiano, até a profilaxia de doenças. Ou seja, praticar atividades físicas regularmente promove o desenvolvimento das capacidades físicas, estimula o sistema imunológico, influencia os processos cognitivos e anímicos, bem como é uma ótima ferramenta de socialização. Sendo assim, é importante separarmos um momento em nossa agenda para destinar ao cuidado com nosso corpo e nossa mente.

 

Além de uma prática regular de atividades físicas, existem inúmeras maneiras de colocarmos nosso corpo em movimento, tais como: passeio de bicicleta, caminhada, prática de algum esporte ou luta, brincadeiras etc., e o mais importante é que tais atividades podem ser realizadas em família. Diante da pandemia causada pela covid-19, uma das lições que ficam do distanciamento social físico é que podemos adaptar as atividades dentro da realidade de cada pessoa e de cada família, no que diz respeito ao espaço, ao material e aos limites de cada um. Na perspectiva do cuidado em família, praticar atividades físicas com alguém do nosso convívio pode ser muito mais motivante e prazeroso, proporcionando momentos de alegria e gerando uma cumplicidade na busca por uma vida mais saudável.

 

Portanto, aqui fica um desafio: se você já faz alguma atividade física de forma regular, convide alguém de sua família para lhe acompanhar e compartilhe os benefícios que a prática tem trazido para seu corpo e sua mente. E caso você ainda não tenha começado, que tal dar o primeiro passo? Nunca é tarde para desenvolver hábitos saudáveis!

 

Por Arhur Rodrigues do Amaral Castellões

Coordenador da Escola de Esportes

Votações abertas para 5º Concurso de Redação e Arte da RJE

 

Estão abertas as votações para a 5ª edição do Concurso de Redação e Arte da Rede Jesuíta de Educação (RJE). O tema neste ano é “Ver novas todas as coisas em Cristo”, mesmo lema do Ano Inaciano 2021-2022. O voto pode ser dado através da plataforma Moodle, basta inscrever-se na página “5º Concurso de Redação e Arte da RJE” na aba Cursos. A votação, aberta para estudantes e colaboradores dos colégios da Rede Jesuíta, seguirá aberta até 18 de setembro.

 

 

Os trabalhos artísticos foram feitos por estudantes matriculados do 7º ao 9º ano nos colégios da RJE. São três categorias: produção textual, produção artística e produção fotográfica.

 

O Concurso de Redação e Arte acontece desde 2016. Neste ano os colégios vivem a retomada do certame, após uma pausa em 2020, causada pela pandemia da covid-19.

 

 

Os estudantes do Colégio dos Jesuítas tiveram acompanhamento de professores para a produção das obras. Neste processo, os jovens foram inspirados por obras de arte clássicas e contemporâneas, passagens bíblicas, textos jornalísticos e contos.

 

 

Antes da votação ser aberta, as peças passaram por seleção interna. Na sequência, os trabalhos escolhidos foram enviados ao Comitê Central da Rede Jesuíta de Educação.

 

 

Confira a lista de trabalhos dos estudantes do Colégio dos Jesuítas que participam do concurso:

 

Produções Artísticas:

Igualdade em nossas lutas – Sofia Barbosa de Souza Cruz – 7º ano/EF

As múltiplas faces de Cristo – Daniel Costa Oliveira – 7º ano/EF

Uma obra de amor é uma obra de arte – Paola de Castro Tempésta – 7º ano/EF

Eis que faço novas todas as coisas – Miguel Navarro Tavares – 7º ano/EF

Ame ao próximo como Cristo os amou – Samuel Finotti Cordeiro Salgueiro Perobelli – 7º ano/EF

 

Produções Textuais:

Sem título – Maria Antônia de Carvalho e Freitas – 8º ano/EF

Ilha Escondida – Lorena Valle de Mello Silveira – 8º ano/EF

O milagre da dedicação – Maria Fernanda Paviato Borboni – 8º ano/EF

A remissão dos pecados – José Lutterbach Sales – 8º ano/EF

 

Produções Fotográficas:

Coração que só Cristo vê – Julia Felix de Souza Henriques – 9º ano/EF

O respeito atravessando limites – Laura Ferreira Guimarães – 9º ano/EF

Resiliência – recorrer à fé em tempos difíceis – Carolina Nagen Bellotti da Costa – 9º ano/EF

Proteja o hoje que será a empatia de amanhã – Isabelle Paschoalim Oliveira – 9º ano/EF

Estender a mão ao próximo é o calor necessário conforme Cristo nos ensinou – Lívia Carmo Chaves – 9º ano/EF

A voz do povo é a voz de Deus: breve reflexão sobre o folclore brasileiro

 

Tradicionalmente, entende-se que o termo folclore seja um neologismo de folk-lore, no qual o vocábulo inglês folk significa “gente” ou “povo” e lore significa “conhecimento”. Assim, pode ser entendido como um conhecimento tradicional de um povo. Sua primeira utilização remete-se ao século XIX, quando Ambrose Merton (pseudônimo do arqueólogo Willian Thoms) teria enviado uma carta à revista londrina “The Atheneum”, que a publicou em agosto de 1845 usando o termo.

 

Porém, o interesse pelo folclore nasce muito antes, no fim do século XVIII, quando autores como os Irmãos Grimm e Herder iniciaram estudos acerca da poesia tradicional alemã. Através desses estudos, foi desvelada uma cultura popular que, rapidamente, passou a ser colocada em oposição à cultura das elites e das instituições oficiais, considerada erudita.

 

Da Alemanha, esse interesse despertou a curiosidade de estudiosos de outros países e se espalhou em círculos de estudos de outras formas culturais, como as músicas, as práticas religiosas etc. No início da organização sistemática desses saberes populares, os estudiosos adotaram métodos aplicados ao estudo da cultura erudita, fato que inviabilizava compreensões mais profundas dos modos de ver o mundo encarnadas naquelas narrativas campesinas.

 

Assim, o resultado desses primeiros estudos reforçou a dicotomia erudito x popular, produzindo, consequentemente, uma ideia de hierarquia na qual o erudito se tornou melhor do que o popular. A palavra folclore passou a ser utilizada para se referir às tradições, aos costumes e às superstições das classes populares, inferiorizadas. Mais tarde, a palavra folclore passou a ser relacionada a toda a cultura nascida principalmente nessas classes, dando ao folclore o status de histórias não escritas de um povo.

 

Mesmo com o avanço da ciência e da tecnologia, anos mais tarde, a influência do pensamento positivista do século XIX contribuiu para dignificar as tradições populares, entendendo-as como um continuum em uma cadeia ininterrupta de saberes que deveria ser apreciada para se entender a sociedade moderna. Houve, portanto, uma conscientização de que a cultura popular poderia desaparecer devido ao novo modo de vida urbano-industrial, seu estudo se espalhou, ao mesmo tempo em que ela passou a ser usada como elemento principal em obras artísticas, despertando o sentimento nacionalista dos povos.

 

Não demorou muito para que os estudos do folclore se estendessem às Américas, nos Estados Unidos, em 1888, William Wells Newell, Mark Twain, Rutherford Hayes e um grupo de outros interessados fundaram a Sociedade Americana de Folclore (do inglês “American Folklore Society”). Essa instituição publica um jornal até hoje, o Journal of American Folklore. A contribuição desses estudiosos estadunidenses ocorreu através de pesquisas apoiadas por universidades, o que definiu novas metodologias e lançou as bases para a fundação do folclorismo como uma nova especialidade científica, ao lado da antropologia.

 

Aqui no Brasil, os primeiros interesses levaram aos primeiros registros escritos de tradições orais, depois se passou a estudar a música, e mais tarde as festas sazonais. Nesse contexto, diversos artistas ligados à elite urbana brasileira passaram a lançar mão de elementos da cultura popular em suas criações destinadas aos círculos ilustrados, como parte de um projeto, estimulado e desenvolvido pelo governo de Dom Pedro II. A ideia era construir uma identidade simbólica nacional que poderia contribuir para a colocação do país entre aqueles considerados ‘civilizados’.

 

Na verdade, a elite nunca foi inteiramente descolada da influência da cultura popular, porém obras como, por exemplo, I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, e a música de Luciano Gallet e Alexandre Levy deram destaque a temas do folclore brasileiro no contexto das artes cultas. Desde então, o interesse pelo assunto só cresceu, e, em vários campos, artísticos e acadêmicos. Vale destacar que o folclore interpretado pela elite branca urbana acabou sendo adaptado a fim de naturalizar relações sociais de exploração.

 

Com o aumento dos movimentos nacionalistas, novos desdobramentos dos estudos dos saberes populares surgiram, e, com o surgimento do Modernismo, o folclore passou a ser visto como a verdadeira essência (muitas vezes “embranquecida”) da brasilidade. Procurando colocar o folclore em diálogo com as ciências humanas e sociais, que naquela altura nasciam no país, Mário de Andrade, um dos líderes do Modernismo brasileiro, passa a ser considerado um grande pesquisador do folclore nacional.

 

Outros nomes influentes ligados ao movimento modernista que podem ser citados são: os pintores Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral e o músico Villa-Lobos. Estes também incorporaram elementos do folclore em suas obras de maneira destacada. Quando Mário dirigiu o Departamento de Cultura do Estado de São Paulo, entre 1935 e 1938, criou a Sociedade de Etnologia e Folclore, abrindo cursos para a formação de pesquisadores, como Lévi-Strauss.

 

Em meados do século XX, foram atraídos para esse movimento Cecília Meireles, Câmara Cascudo, Edison Carneiro, Florestan Fernandes e Gilberto Freyre. Além de estrangeiros como Roger Bastide e Pierre Verger. Nessa altura, o ‘movimento folclorista’ institucionalizou-se com a criação da Comissão Nacional de Folclore (CNF), fundada em 1947 por Renato Almeida, através de recomendação da UNESCO. Naquele ano, o folclore se inseria nas iniciativas em favor da paz mundial.

 

O folclore ganha status de elemento de compreensão entre os povos, já que, ao mesmo tempo, incentivava o respeito pelas diferenças e permitia a construção de identidades diferenciadas. Mais de uma década depois da criação da CNF, em 1958, foi instituída pelo Ministério da Educação a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. Fato que incentivou debates e pesquisas através de comissões estaduais de folclore, engajando colaboradores do interior. Esse intercâmbio cidade-campo foi importante para que fosse reconhecida a importância e validade da intimidade dos colaboradores do interior com a cultura interiorana, mesmo que não tivesse uma especialização profissional.

 

Os folcloristas passaram a contar, a partir de 1961, com a Revista do Folclore Brasileiro, que se tornou um importante meio de divulgação e discussão do tema. A revista circulou até 1976 totalizando 41 volumes e se tornou uma incentivadora de pesquisas. Porém, apesar de tantas conquistas do folclorismo brasileiro, ainda não possuía a credibilidade que merecia. Ao longo da segunda metade do século XX, algumas polêmicas surgiram, e, aos poucos, o folclorismo foi perdendo espaço sendo afastado do ambiente acadêmico, no qual se consolidava. Alguns professores permaneceram ligados às universidades, porém a disciplina foi sendo direcionada para um subcampo das ciências sociais.

 

Segundo Claudia Marcia Ferreira, Diretora do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, a situação do folclorismo ficou pior com o golpe militar de 1964, na ocasião, houve a demissão de Edison Carneiro do cargo de diretor da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, até então, o principal folclorista. A Campanha foi fechada no dia primeiro de abril com um cartaz na porta que dizia: “Fechado por ser um antro de comunistas”. Com isso, encerrava-se todo um ciclo do folclorismo brasileiro iniciado há cem anos.

 

Em 1965, por força de um decreto, passou a ser comemorado em todo o território nacional, o Dia do Folclore. Para muitos pequenos brasileiros, a data só é lembrada no ambiente escolar e só em agosto. Já para a população adulta, de maneira bastante superficial, infelizmente, a ideia comum de “folclore” limita-se a um conjunto de narrativas fantásticas criadas a partir do que se considera “cultura popular do interior”.

 

Renato Almeida, em 1979, se torna o diretor da nova Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, finalmente reaberta e incorporada à Funarte, que se transformou no Instituto Nacional do Folclore. Em 1990, o Instituto passou a ser denominado Coordenação de Folclore e Cultura Popular, hoje chamado Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

 

Os esforços do final do século de retomada de um novo ciclo do folclorismo brasileiro ganham força atualmente. Pesquisadoras e pesquisadores negros e indígenas, através de seus estudos e de sua perspectiva, buscam contribuir com o debate apresentando novos olhares para o tema.

 

Infelizmente, segundo muitos desses autores, sem muita reflexão ou senso crítico, chegam às cidades versões desterritorializadas de estórias do campo. Na cidade, tais narrativas passam por um processo de desvalorização e são reduzidas, muitas das vezes, a lendas vazias, descoladas de um sentido simbólico maior. Fato verificado, especialmente, quando se trata das manifestações culturais de populações subalternizadas nas quais os personagens são negros, indígenas ou mulheres.

 

Segundo Clíssio Santana, historiador, “o problema está na construção dessas práticas, que, muitas vezes, se não na maioria delas, é construída de forma estereotipada, racista, homofóbica, misógina e preconceituosa.” Para o autor, repensar essas narrativas é de extrema importância para que possamos utilizar esse enredo de forma positiva, uma vez que as narrativas folclóricas são utilizadas, principalmente, com crianças em idade escolar: “não existe ingenuidade na construção do Saci-Pererê, por exemplo, onde a imagem do ‘negro malandro’ que não é e nem merece ser levado a sério é reforçada”.

 

Assim, como trabalhar para uma real valorização destes saberes tradicionais? Santana nos ajuda a responder a essa questão ao evidenciar, mais uma vez, a personagem do Saci-Pererê, a qual, segundo o autor, “é fruto de uma visão racista, europeizada e preconceituosa sobre o negro e o seu lugar na história do Brasil”. Professores comprometidos com uma educação antirracista, por exemplo, podem trabalhar tal personagem através de suas características clássicas (inteligência, astúcia, criatividade, ludicidade) de modo a valorizá-lo.

 

Lendas e mitos bem conhecidos como Boitatá, Capelobo, Cobra-grande, Corpo-seco, Boto, Cuca, Curupira, Lobisomem, Iara, Mandioca, Mapinguari, Mula sem cabeça, Negrinho do Pastoreio, Vitória Régia, entre outras devem ser valorizadas e respeitadas como outras formas de interpretar o mundo, muitas são para os indígenas, por exemplo, manifestações sagradas de algo que já existiu em algum momento ou que ainda existe.

 

A Constituição do Brasil protege o folclore através dos artigos 215 e 216, que tratam da proteção do patrimônio cultural brasileiro, ou seja, “os bens materiais e imateriais, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Nós, brasileiros, com a intenção de contribuir com essa proteção, devemos exercitar nossa alteridade frente a essas narrativas, dando espaço para novas formas de ver o mundo.

 

Por Henrique Lage Chaves

Professor

Carta conjunta da Arquidiocese de Juiz de Fora e instituições católicas de ensino para a PJF sobre o retorno das aulas presenciais

 

O Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, em conjunto com representantes das instituições católicas de ensino, assina carta direcionada à Prefeita Margarida Salomão, solicitando o retorno imediato das aulas presenciais ou híbridas na cidade.

 

 

Na mensagem, o Arcebispo destaca o avanço na compreensão das características da covid-19 e que países como China, Canadá e Dinamarca, além de outras regiões do Brasil, já estão tendo a experiência do retorno às aulas presenciais.

 

 

Os impactos emocionais e de aprendizado do ensino remoto sobre as crianças também foram citados, além da importância do cumprimento dos protocolos sanitários para uma retomada segura.

 

 

Na carta, o Arcebispo Metropolitano e os representantes das escolas católicas também se colocam à disposição para que a atual tribulação seja vencida “com fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, confiança, prudência e esperança”.

 

 

“A educação é sobretudo uma questão de amor e responsabilidade que se transmite, ao longo do tempo, de geração em geração”.

Papa Francisco

 

Leia o texto da carta na íntegra.

Pe. Sérgio Mariucci, SJ, é escolhido para ser o novo reitor da Unisinos

O secretário para Educação da Província dos Jesuítas do Brasil (BRA) e antigo Diretor Geral do Colégio dos Jesuítas, Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, SJ, será o novo reitor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), instituição de ensino superior jesuíta, com dois campi no Rio Grande do Sul (Porto Alegre e São Leopoldo), além de polos EAD em sete estados. Pe. Sérgio assumirá a nova função no próximo mês de janeiro, para o triênio 2022-2025.

 

À esquerda o atual reitor da Unisinos, Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ. À direita, o futuro reitor, Pe. Sérgio Mariucci, SJ

 

A novidade é parte das mudanças na gestão da Unisinos anunciadas nesta terça-feira (17). Depois de quatro mandatos como reitor (desde 2006) e outro período como vice-reitor (2002-2005), o Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ, comunicou a transição à comunidade universitária. A Unisinos está entre as melhores universidades do país e é a maior obra educacional jesuíta da América Latina e Caribe.

 

 

Pe. Sérgio Eduardo Mariucci, SJ, é natural de Maringá (PR). Na Unisinos, ele é professor e pesquisador colaborador do Programa de Pós-Graduação em Design e diretor da Unidade Acadêmica de Graduação (desde 2019).

 

 

“A gente sabe que a qualidade do serviço prestado por uma universidade, deve-se à qualidade das pessoas que trabalham nela. Do mesmo modo que eu tenho consciência de continuar o serviço de qualidade da educação oferecida aos jovens e pesquisadores que nos procuram, é também missão do reitor cuidar das pessoas que trabalham na universidade”, pontua o Pe. Sérgio, que tem na afetividade uma marca registrada do seu trabalho.

 

 

Pe. Sérgio Mariucci, SJ, foi Diretor Geral do Colégio dos Jesuítas entre os anos de 2015 e 2018. O atual Diretor Geral, Professor Edelves Rosa Luna, chamou o Padre de “querido amigo” do Colégio e parabenizou-o pelo novo compromisso.

 

 

“Uma figura distinta, serena e assertiva, que por onde passa deixa a sua marca de alegria no servir e de motivação para o melhor serviço em favor dos demais. Recebemos com muita alegria a notícia da nomeação do Pe. Sérgio Mariucci como próximo reitor da Unisinos, importante universidade da Companhia de Jesus, que muito já tem colaborado com a Rede Jesuíta de Educação através das ofertas de formação, como mestrado e doutorado, que qualificam o corpo apostólico em missão na educação básica”, ressaltou o Professor Edelves, que estendeu seus cumprimentos ao futuro vice-reitor da Unisinos, Professor Artur Eugênio Jacobus.

 

 

Docente na graduação e coordenador do Mestrado Profissional em Gestão Educacional, Artur Jacobus também assumirá o vice-reitorado em janeiro do próximo ano. As mudanças foram promovidas pelo Provincial dos Jesuítas no Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ.